Novo prefeito

Copa será um dos primeiros desafios de Fruet na prefeitura

O prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet, tem um desafio urgente para resolver: conseguir que a Copa do Mundo seja encampada pela população da cidade e não apenas pelos atleticanos. Hoje, o assunto Copa ainda divide a população. Nem mesmo entre os rubro-negros há consenso. O motivo é que ainda não se transformou num projeto público. O cerne do problema é a forma como está se dando a reconstrução da Arena da Baixada – estádio escolhido para sediar quatro partidas do Mundial.

As negociações que culminaram no repasse de potencial construtivo, a fim de viabilizar empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) para as obras do patrimônio rubro-negro, se resultaram em um procedimento legal, ainda não conseguiram transmitir segurança e transparência para parte dos curitibanos. Independentemente de ser o investimento mais barato para a Copa, comparativamente a outras sedes, o que o prefeito que assume a cidade dia 1.º de janeiro precisa é emprestar credibilidade a todo o processo.

Não há mais tempo para recuar nem para planos B, C e D. Mas há tempo para que o poder público, a partir da figura do prefeito eleito, tome definitivamente as rédeas desse projeto. Desde o começo, a Copa do Mundo em Curitiba soa mais como um plano do Atlético, e para o Atlético, personalizado na figura de seu presidente, Mário Celso Petraglia, do que para a cidade. As recentes denúncias, de repasse de recursos para parentes do dirigente – leia-se filho e primo -, para bancar assentos com preços inflacionados e releituras do projeto arquitetônico, exponencializam essa sensação. A missão de Gustavo Fruet será a de jogar luz sobre esses pontos cegos. A contabilidade das obras do estádio da Copa não pode se restringir ao belprazer da CAP S/A. Tem que estar em um portal municipal de transparência. Da mesma forma, os debates sobre o que vai se fazer com o dinheiro público investido na Arena não podem ficar confinados às assembleias do conselho deliberativo do Atlético. Os números precisam vir às ruas.

É tão polêmico o assunto, que durante a campanha eleitoral para a Prefeitura de Curitiba os candidatos apenas tangenciaram o problema. Gustavo Fruet, o eleito, se limitou a dizer que é preciso transparência e assegurar que o Atlético garanta as contrapartidas exigidas. Agora, com a força dos votos, é hora de ações mais contundentes, talvez até mesmo antes de tomar posse. Uma delas, seria cobrar do Tribunal de Contas do Paraná que, enfim, se posicione sobre o que é o potencial construtivo. Pelo parecer técnico, ainda não votado pelos conselheiros, deduz-se que os títulos repassados ao Atlético representam patrimônio público e, portanto, carecem de fiscalização adequada. Outra medida seria procurar entender por que o projeto que acrescentaria um aditivo de R$ 30 milhões às obras do estádio foi recolhido pelo atual prefeito Luciano Ducci. Sem ele, e sem a votação da Câmara Municipal, se inviabiliza a assinatura do contrato com o BNDES, cujo prazo acaba na próxima quinta-feira. Portanto, o recado das urnas é claro, prefeito eleito: faça da Copa um projeto da cidade.

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