Depois de sete Copas do Mundo seguidas jogadas no calor, as 32 seleções, que a partir de sexta-feira passam a disputar a taça mais cobiçada do futebol mundial, novamente terão que encarar o frio.
Se na Alemanha, em 2006, o Brasil chegou a entrar em campo com temperaturas superiores a 30º C, a previsão atual chega aos 5º C, com máxima de 15º C para os dias “quentes’.
Pensando no clima, a CBF escolheu Curitiba como sede da pré-temporada para a Copa. Na primeira coletiva durante a estada na capital paranaense, o chefe do departamento médico da Seleção, José Luiz Runco, chegou a dizer que a ambientação com o frio pode ser decisiva para a conquista do Mundial.
Afinal, além da volta das camisas mangas longas – não vistas desde a Copa de 78, na Argentina -, com as baixas temperaturas também surgem novas técnicas de preparação, alimentação e o medo de contusões durante o torneio.
Um fator que pode minimizar a questão é a grande presença de jogadores que atuam na Europa. No entanto, apesar do costume de jogar no frio, surge um novo “porém’ associado ao clima: jogadores de clubes do velho continente estão em fim de temporada e, consequentemente, mais propensos a lesões musculares, sobretudo no frio.
Por isso, como explica o preparador físico do Atlético, Carlos “Riva’ Carli, as atenções especiais se voltam ao aquecimento sob medida quando a temperatura está abaixo dos 8º C.
“O atleta precisa entrar em campo no ponto, pois se a musculatura não está bem irrigada, esse cansaço pode levar o atleta a uma lesão”, resume. As palavras de Riva explicam a razão de a Seleção Brasileira pouco ter trabalhado com bola em Curitiba.
No CT do Caju, os comandados de Dunga realizaram uma bateria de exames que ajudou o departamento médico da CBF a adequar a preparação física para o frio da África do Sul.
“Hoje tem uma série de técnicas para controlar a dosagem de treinamento e a recuperação dos atletas. São aparelhos para controlar, por exemplo, a hidratação e o nível de estresse do atleta”, explica o coordenador do departamento de performance física do Coritiba, Glydston Ananias.
Com a experiência de quem foi preparador físico da Seleção Brasileira de futebol feminino, Glydston destaca atenção com relação ao frio e a hidratação dos jogadores.
“Quando você está em temperaturas mais baixas, demora mais para suar e o atleta acha que não deve se hidratar. Isso ocorrendo, a célula muscular ficar desidratada, gerando uma situação propícia para lesões”, explica.
A necessidade dos cuidados especiais com os atletas sobre a hidratação, no entanto, não é tão preocupante quanto no calor. “No frio, a perda de sódio e potássio não é tão acentuada”, ressalta o fisiologista do Paraná Clube, Marcos Eduardo Walczak.