James Rodríguez chegou ao Brasil com três gols marcados em 21 jogos pela seleção da Colômbia. Havia sido um dos destaques da equipe na campanha nas Eliminatórias, mas não pelo faro goleador e sim por sua capacidade de armar as jogadas. Mas neste Mundial ele está iluminado, e fechou o sábado como artilheiro isolado da competição com cinco gols em quatro partidas. Na ausência de Falcao Garcia, o matador que não conseguiu se recuperar de uma lesão no joelho esquerdo, o maestro se transformou no goleador inesperado de um time que vai fazendo história e enchendo os olhos.
O meia de 22 anos recebeu elogios dos dois treinadores que trabalharam na vitória da Colômbia sobre o Uruguai, por 2 a 0, no Maracanã. O uruguaio Óscar Tabárez disse que ele tem o dom dos grandes craques, e citou Maradona, Messi e, com uma grande dose de parcialidade, o uruguaio Luis Suárez como outros astros que nasceram com esse dom. E quando chegou a vez de José Pekerman falar, ele confessou estar boquiaberto com o rendimento de seu camisa 10.
“O que o James está fazendo no Mundial é impressionante. Tecnicamente ele sempre vai bem, mas agora cresceu muito em termos de aplicação tática e participação no jogo”, exaltou o treinador argentino.
Pekerman foi treinador de várias seleções de base da Argentina, e trabalhou com jogadores de fina estirpe como Riquelme e Messi. Por isso, sua opinião sobre James Rodríguez é a de alguém que já conviveu com muita gente boa. “O mais surpreendente nele é que, apesar da pouca idade, não tem nenhum problema em assumir a responsabilidade. E faz com naturalidade coisas que a maioria dos jogadores leva anos para aprender.”
James Rodríguez sempre foi precoce. Com 14 anos, estreou na equipe principal do Envigado. Aos 17, com a camisa do Banfield, tornou-se o estrangeiro mais jovem a jogar e também a fazer um gol no Campeonato Argentino. No ano seguinte, ajudou o time a ser campeão – é também o mais jovem estrangeiro a levantar a taça no país. Com 19 anos foi vendido para o Porto e há um ano o Monaco pagou 45 milhões de euros (R$ 135 milhões) para contratá-lo.
Diante disso, não é de se estranhar que aos 21 anos ele já fosse o cérebro da seleção. Nem que agora esteja brilhando com tanta intensidade num Mundial de ótimo nível técnico.
“James tem condições de se tornar o melhor jogador da história do futebol colombiano”, disse o ex-atacante Faustino Asprilla, um dos destaques da geração considerada a melhor da Colômbia (que tinha Rincón e Valderrama como outros expoentes) e que está acompanhando a Copa como comentarista.
A enxurrada de elogios não mexe com a cabeça do craque, que foi eleito pela Fifa o melhor jogador da primeira fase. “Estou feliz porque as coisas estão dando certo, tenho feito gols e a equipe está fazendo história. Só o que quero é ajudar a Colômbia a chegar o mais longe possível no Mundial.”
O próximo obstáculo é o Brasil. O craque mostra muito respeito pela seleção dirigida por Felipão, mas não tem medo. E, com a mesma personalidade que exibe em campo, manda um recado: “O Brasil é forte e tem grandes jogadores, mas vai precisar tomar muito cuidado conosco.” Palavra do melhor jogador da Copa.