Rio de Janeiro – A ausência do Brasil nos Jogos Olímpicos de Atenas já trouxe conseqüências diretas para a seleção principal, que vai disputar a Copa América entre os dias 6 e 25 de julho, no Peru. A princípio, a idéia era a de transformar a competição em um “treino” para a equipe sub-23, que disputaria a Olimpíada em agosto.
A comissão técnica da seleção e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, já se reuniram para discutir o problema que se transformou a Copa América. Um dos principais obstáculos será a convocação de jogadores que atuam nos clubes europeus, porque eles estarão em final de temporada e início de férias.
Mas o medo de um novo fracasso poderá forçar Parreira a levar força total ao Peru. E uma das primeiras providências a serem tomadas será a viagem que o técnico fará à Europa para observar algumas partidas e novos nomes que estão se destacando nos campeonatos europeus.
No roteiro de viagem de Parreira e do coordenador-técnico Zagallo estão Itália, França e Alemanha.
A dupla deixará o Brasil na terça-feira, após a convocação dos atletas que atuam por times estrangeiros para o amistoso contra a Irlanda, em Dublin, no dia 18 de fevereiro.
Brasil x Argentina no Mineirão
São Paulo ? Após o almoço com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, hoje, no Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deve anunciar o Mineirão como local da partida entre a seleção brasileira e a Argentina, no dia 2 de junho, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006. Do encontro devem participar também o secretário-geral da CBF, Marco Antônio Teixeira, o secretário de Esportes de Minas, João Leite, e o presidente da Federação Mineira de Futebol, Paulo Schettino.
Há dez anos o Mineirão não recebe um jogo oficial da seleção e o governador de Minas se empenhou pessoalmente em trazer o jogo para seu Estado – as federações Paulista e Carioca também têm interesse no jogo.
Antes mesmo da definição do local da partida, o Mineirão está se preparando para atender às exigências da Fifa para a partida. Uma delas será instalar cadeiras no local hoje ocupado pelas arquibancadas.
Torcedor condena dupla santista e CBF
São Paulo – O torcedor brasileiro concorda em grande parte com a avaliação do ex-jogador Branco, que responsabilizou a dupla santista Diego e Robinho pelo fracasso da seleção brasileira no Torneio Pré-Olímpico, encerrado no último domingo, no Chile. De acordo com pesquisa do portal Estadao.com.br – que recebeu aproximadamente 16 mil votos – a CBF e os dois jogadores foram os principais responsáveis pela não classificação da seleção para os Jogos Olímpicos de Atenas. A pesquisa mostrou que o torcedor foi indulgente com o técnico Ricardo Gomes, e praticamente isentou de culpa os outros jogadores do time brasileiro.
De acordo com a pesquisa, a principal responsável pelo fiasco no Pré-Olímpico foi a própria CBF. A entidade recebeu 32,81% dos votos. A dupla santista veio logo atrás, com 32,32%. O técnico Ricardo Gomes foi o culpado pela péssima campanha na avaliação de 18,81% e o conjunto de jogadores foi considerado o responsável para apenas 16,06% dos que participaram da consulta.
A pesquisa teve como base as avaliações preliminares que a CBF fez do desempenho dos jogadores. Nessas avaliações, o técnico e alguns jogadores foram absolvidos. O mesmo, no entanto não ocorreu com os dois jogadores do Santos. Para os dirigentes eles traduziram com perfeição o espírito com que a seleção disputou o torneio: “Muito oba-oba, excesso de brincadeiras, falta de experiência e imaturidade” foram alguns dos adjetivos usados pela cúpula da CBF para qualificar o desempenho dos atletas em reunião de emergência um dia após a eliminação.
O ex-lateral Branco, que hoje coordenada as divisões de base da CBF e foi o chefe da delegação no Chile, afirmou que “poucos mostraram comportamento digno de jogador de seleção”.
No relatório que pretende enviar ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no qual vai detalhar a participação do Brasil no Torneio Pré-Olímpico, Branco deverá poupar apenas seis jogadores: O goleiro Gomes, os zagueiros Edu Dracena e Alex, os meio-campistas Fábio Rochemback e Dudu Cearense e o atacante Daniel Carvalho. Os demais, terão de trabalhar muito para voltar a vestir a camisa da seleção.
Agora é oficial: Ricardo Gomes fora da seleção
O técnico Ricardo Gomes foi demitido oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na tarde de ontem. Ele se reuniu com os dirigentes da entidade e disse que deixa o comando da seleção brasileira sub-23 sem ressentimentos. A saída do jovem treinador de 39 anos, era inevitável após o fracasso da equipe no torneio Pré-Olímpico do Chile e a conseqüente perda da vaga à Olimpíada de Atenas.
Ricardo Gomes voltou a assumir toda a culpa pelo vexame da seleção. “Não consegui o objetivo, que era classificar o Brasil para a Olimpíada. Me dediquei bastante e não existe o menor arrependimento. Mas assumo toda a responsabilidade pelo que aconteceu??, disse o treinador, que novamente evitou dividir a culpa com os jogadores e sequer fez críticas leves a eles.
Ainda demonstrando abatimento e frustração pelo fracasso no Chile, Ricardo Gomes falou que, se algum dia for convidado para voltar a trabalhar na CBF, vai aceitar sem pensar duas vezes. “Se um dia eu tiver de voltar, voltarei, pois é sempre um orgulho defender o Brasil.??
Agora, tudo o que o treinador quer é descansar e refletir. Ele não tem planos de aceitar propostas para dirigir alguma equipe do futebol brasileiro, ou mesmo de fora do País, nas próximas semanas. Tanto que recusou uma proposta que recebeu terça-feira da Acadêmica de Coimbra, clube português. “Recebi, mas já descartei. O momento agora é de pensar, refletir e depois voltar (a trabalhar)??, entende Ricardo Gomes.
Explicações
Durante o encontro com a direção da CBF, que durou 20 minutos, Ricardo Gomes fez um relatório de tudo o que ocorreu no pré-olímpico do Chile e fez questão de inocentar a atitude e o comportamento de todos os atletas na competição.
“É evidente que a seleção sub-23 não tem razão de existir e meu ciclo chegou ao fim”, disse Ricardo Gomes ao sair da CBF. “Não houve ato de indisciplina ou exagero de qualquer atleta. O que ocorreu foi apenas um fato isolado (se referiu ao episódio da foto que mostrou o atacante Robinho abaixando o calção do meia Diego).”
Ricardo Gomes frisou que as brincadeiras não foram execessivas e que convocaria todos os jogadores em uma outra oportunidade. Ressaltou uma série de fatores, como o pouco tempo para treinar e a ausência de alguns atletas, como Kaká, para justificar o fracasso no pré-olímpico.
“Já participei de seleções onde as brincadeiras eram bem piores e ninguém ficou sabendo. Brincadeiras entre jogadores é coisa normal e isso não nos atrapalhou”, garantiu o treinador lamentando que Diego e Robinho estejam sendo apontados como culpados pelo fracasso. “Não consegui montar uma equipe para o pré-olímpico, como fiz para a disputa da Copa Ouro.”
Ricardo Gomes ficou cerca de um ano no comando da seleção sub-23. Nesse período, dirigiu a equipe em vários amistosos e também na Copa Ouro, disputada em meados de 2003. Naquele torneio, o Brasil ficou com o vice-campeonato, perdendo a decisão para o México. Na época, ninguém cobrou o treinador, pois a competição foi encarada apenas como preparação para o pré-olímpico.
No torneio disputado no Chile, Ricardo Gomes não pôde contar com jogadores como Kaká, Thiago Motta e Júlio Baptista, que foram à Copa Ouro. E não conseguiu, em momento algum, dar um padrão de jogo à seleção.