Quando o pênalti cobrado por Fàbregas entrou no gol, as câmeras focalizaram Cristiano Ronaldo. Não foi difícil fazer a leitura labial do atacante. “Injustiça”, ele disse, balançando a cabeça.

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A Espanha avançava para a final da Eurocopa de 2012 às custas de um seus mais fiéis fregueses: Portugal. Em oito partidas válidas por eliminatórias ou torneios oficiais na história do confronto, os portugueses só ganharam uma vez (na Euro de 2004).

Nesta sexta (15), os vizinhos da península Ibérica fazem o primeiro clássico da Copa do Mundo na Rússia. A partida será às 15h (de Brasília) em Sochi. Cristiano Ronaldo, 33, tem possivelmente sua última chance de conquistar o único título relevante que lhe falta.

Considerada a freguesia de sua seleção para o adversário, o caos que se transformou a seleção espanhola caiu do céu.

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Na quarta (13), dois dias antes da partida, a Real Federação Espanhola demitiu o técnico Julen Lopetegui por ter acertado contrato, sem avisar os dirigentes, para ser técnico do Real Madrid após a Copa.

O diretor de seleções Fernando Hierro foi escolhido para substituí-lo. O caso tumultuou o ambiente da equipe que é considerada uma das favoritas ao título. Portugal é uma das possíveis zebras, apesar de ter um atacante cinco vezes melhor do mundo.

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Mas foi assim em 2016 e ninguém se importou. Mesmo com seu astro machucado, Portugal foi campeã europeia e derrotou a anfitriã França.

“Seria loucura querer mudar qualquer coisa agora. Não tem porque fazer isso. O time é maduro, sabe o que fazer. Vamos manter o que vinha sendo feito”, disse Hierro, que se esforça ao máximo para passar imagem de continuidade.

Foi uma mudança de maré porque até o início da semana, era Portugal que aparentava nervosismo. Cristiano Ronaldo, na verdade. Duas vezes, em treinos da seleção em Kratovo, ele pediu para as pessoas que assistiam fazerem menos barulho. Em uma delas, a atividade era aberta a torcedores, especialmente crianças.

A busca pela paz e concentração total casa com a personalidade do artilheiro, mas não combina com o discurso que empregou antes da viagem à Rússia. Ele afirmou que a Copa do Mundo não era prioridade porque não tinha mais sonhos na carreira.

Portugal ainda convive com a pressão de vencer em sua partida de estreia, o que não costuma acontecer. Desde 2002, quando voltou a disputar regularmente o torneio, só em 2006 (contra Angola) ganhou a primeira partida. Há quatro anos, no Brasil, levou 4 a 0 da Alemanha.

“Temos um enorme adversário, mas queremos acabar com a história de que não vencer o primeiro jogo”, diz o técnico Fernando Santos.

Em duas campanhas de títulos da era de ouro da Espanha (de 2008 a 2012), a seleção passou por Portugal. Além da Eurocopa de 2012, venceu o time por 1 a 0 nas oitavas da Copa do Mundo de 2010.

Após a goleada por 6 a 1 em amistoso com a Argentina, em março deste ano, a equipe que era dirigida por Lopetegui passou a ser uma das mais cotadas para levantar a taça. Até o tumulto de quarta-feira.

“Temos de virar a página nisso porque [a saída de Lopetegui] não foi nada agradável”, resumiu o zagueiro e capitão espanhol Sergio Ramos.

As seleções protagonizam uma rivalidade também, o equivalente a existente entre Argentina e Uruguai.

Os portugueses, tal qual os uruguaios, se ressentem por serem vistos como o irmão mais novo da relação.

A Espanha (como a Argentina) é país mais rico, mais populoso e exerce influência sobre o vizinho. A dinastia filipina, que representava a monarquia espanhola, governou Portugal por 60 anos na chamada União Ibérica, entre 1580 a 1640.

E tem o futebol. Portugal levantou a taça da última Eurocopa, vencida nas duas edições anteriores pela Espanha, que, por outro lado, possui o título mundial que falta à seleção do país vizinho.

PORTUGAL

Rui Patricio; Cedric, Pepe, Fonte, Raphael Guerreiro; João Moutinho, William Carvalho, João Mário, Bernardo Silva; Gonçalo Guedes, Cristiano Ronaldo. T.: Fernando Santos

ESPANHA

De Gea; Odriozola, Sergio Ramos, Piqué, Alba; Busquets, Thiago Alcântara, Iniesta, Isco, David Silva; Diego Costa. T.: Fernando Hierro

Estádio: Olímpico Fisht, em Sochi

Horário: 15h (de Brasília) desta sexta-feira

Juiz: Gianluca Rocchi (ITA)