O presidente da CBF, Antonio Carlos Nunes, 80, não escondeu a confiança na conquista do hexacampeonato na segunda (11). Ao participar de uma reunião em Moscou, ele contou que disse ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, para preparar a taça para o Brasil.
Neste sábado (16), na véspera da estreia do Brasil na Copa da Rússia, o técnico Tite preferiu ignorar o otimismo do cartola.
Ao ser questionado sobre a declaração de Nunes, o treinador não quis comentar.
“Eu tenho uma responsabilidade muito grande em cima de um trabalho desenvolvido técnico, tático, emocional dos atletas, da comissão técnica, dois anos de trabalho. Isso é uma grandeza e um sonho realizado. Meu foco de atenção está voltado a essa minha área específica. E é essa que tenho orgulho e me responsabilizar”, disse o treinador, que preferiu não dar sua opinião sobre o otimismo do chefe.
Em seguida, Tite foi indagado se o Brasil conquistaria o título. E ele rebateu: “Não acho nada”.
Desde que a seleção começou a se preparar para o Mundial, Tite diz que o Brasil é um dos favoritos, mas não promete o hexacampeonato.
Presidente da CBF desde abril, quando a Fifa baniu Marco Polo del Nero por corrupção, o coronel Nunes, como gosta de ser chamado, é famoso por declarações e atitudes polêmicas.
Na quarta (13), ele surpreendeu até a delegação brasileira na votação para a sede da Copa de 2026. Após todos os países da América do Sul terem firmado, antes do pleito, um acordo em favor da candidatura vitoriosa formada por EUA, México e Canadá, Nunes votou no Marrocos.
O coronel aposentado da Polícia Militar do Pará acreditava que o voto seria secreto e rompeu o pacto ao escolher a candidatura do país africano.
O constrangimento para os brasileiros foi grande após a Fifa revelar o voto de todos os eleitores. Cartolas do continente não esconderam o descontentamento com Nunes.
Um dia antes, o ex-PM confundiu o Mar Negro com o Mar Vermelho, disse torcer para a seleção brasileira quebrar um tabu que, na verdade, não existe, e chamou um dos maiores jogadores dos anos 1980, Michel Platini, de “aquele menino francês”.
Realizando o “sonho” de comandar a CBF no Mundial da Rússia, Nunes chegou ao poder num “golpe”, classificado pelo oposicionistas, para manter Del Nero no poder.
De acordo com a linha de sucessão da CBF, o vice mais velho é o sucessor do presidente.
Após a prisão de José Maria Marin por corrupção na Suíça em 2015, o catarinense Delfim Peixoto, então com 75 anos, seria o mais antigo.
Como Peixoto, morto em 2016 no acidente do avião da Chapecoense, era oposição, Del Nero articulou a eleição de Nunes para substituir Marin numa das cinco vice presidências e evitar a mudança de poder do seu grupo político.
Desde então, ele vive no Rio e raramente participa de eventos públicos no Brasil para evitar declarações polêmicas.
Em 2009, durante a Copa das Confederações, realizada na África do Sul, ele criou uma crise com a Fifa. Chefe da delegação brasileira no torneio, ele disse que temia a violência do país e disse que não levaria sua família para o Mundial disputado no ano seguinte.
A declaração irritou Joseph Blatter, então presidente da Fifa. Em seguida, a CBF teve que desautorizar o cartola e fazer uma nota de apoio aos organizadores do evento.