ALEX SABINO
MOSCOU, RÚSSIA (MOSCOU) – Jorge Sampaoli sempre disse que se você quer descobrir quem é o técnico de uma equipe, olhe para os volantes. Ele teve de abrir mão desse conceito para preparar a Argentina que estreia na Copa do Mundo contra a Islândia neste sábado (16), às 10h (de Brasília), em Moscou.
Com quase um ano no comando da seleção, adotou um pensamento mais pragmático, mais a curto prazo. Decidiu montar a equipe de acordo com o que tinha em mãos, não fazê-los jogar de acordo com o que o treinador crê que o futebol deve ser jogado. A dupla de volantes da Argentina será Mascherano e Biglia, dois volantes de marcação.
“Meu gosto pessoal de uma equipe vai ficar de lado pela necessidade que tem a Argentina. A ideia é que a pessoa que tem maior capacidade de organizar, toque mais vezes na bola. Não é definitivo. Estamos no começo de um trabalho. Esta é a formação que Argentina para esse início de Copa, mas pode gerar modificações em curto prazo”, disse o treinador em conferência de imprensa nesta sexta (15) no estádio do Spartak, onde acontece a partida.
Ele gostaria de ter tido mais tempo para adotar uma filosofia em que os zagueiros e volantes têm maior capacidade de sair para o jogo e tocar a bola. Este foi um dos motivos pelo qual Marcos Rojo será um dos zagueiros, aliás. Mas constatou que teve pouco tempo para treinar desde que assumiu o cargo, em junho de 2017. Talvez será possível na Copa seguinte, no Qatar, em 2022. Sampaoli tem contrato com a AFA (Associação de Futebol Argentino) até lá.
Ajuda o fator entrosamento. No lado esquerdo, ele terá Tagliafico na lateral e Meza na meia. Dois titulares do título sul-americano do Independiente do ano passado. Sampaoli confessa disse ter analisado os dois atletas quando estavam no clube de Buenos Aires (Tagliafico hoje joga pelo Ajax-HOL) e que isso ajuda a seleção argentina neste momento.
Também há Lionel Messi. Fiel a sua filosofia de que o dono do time não é ele e sim o camisa 10, não tem nenhum pudor em confessar que escolheu os jogadores que melhor conhecem e se adaptam ao estilo do atacante que considera um gênio. E também o faz modificar a maneira como montaria a seleção.
“Se algum time tem um jogador como Messi, deve rodeá-lo com companheiros que façam esse jogador utilizar todo o seu potencial. Para mim, ter um jogador como Leo gera uma condição diferente no meu trabalho de condutor”, completou.