Copa 2018

Sparrings ajudam Argentina na Copa e provocam brasileiros

Os argentinos foram surpreendidos no retorno a Bronnitsi (base da seleção no Mundial, a 55 km de Moscou) após a vitória sobre a Nigéria, em São Petersburgo. Vinte e dois garotos os esperavam e começaram a cantar e pular, ensandecidos, assim que os jogadores entraram na concentração.

A festa foi preparada pelos sparrings da seleção, 22 jovens das categorias de base de equipes do país sul-americano que acompanham os veteranos para ajudar nos treinos.

A maioria dos jogadores, que obtiveram a vaga para as oitavas de forma dramática, com um gol a quatro minutos do fim marcado por Marcos Rojo, entrou na brincadeira e começou a cantar música composta por torcedores para a Copa do Mundo.

Ao ritmo da canção “Imposible” (Impossível, em espanhol), da banda Callejeros (a preferida de Jorge Sampaoli), cantaram que “todos los brazucas se pondrán a llorar porque este año la copa se la lleva papá” [todos os brazucas se colocarão a chorar porque este ano o papai (se referindo a eles mesmos) vai levar a Copa].

Os jogadores já conheciam a letra da música. O zagueiro Nicolás Otamendi filmou os companheiros a cantando no ônibus saindo do estádio de São Petersburgo logo após o jogo contra a Nigéria.

É uma tradição da Argentina. A cada mundial, um grupo de atletas das categorias de base acompanha o time profissional na Copa do Mundo. Pode servir como primeira experiência no torneio para quem anos depois talvez esteja na equipe principal.

Dos 23 convocados por Sampaoli, cinco foram sparrings no passado: Mascherano (2002), Di María, Fazio e Mercado (2006) e Tagliafico (2010).

Um dos exemplos de tristeza que Mascherano usa para dizer estar “cansado de comer merda” (se referindo à sequência de frustrações pela seleção) é desse tempo.

Há imagens dele na arquibancada do jogo contra a Suécia na Copa do Mundo sediada por Coreia do Sul e Japão. Todos ao redor comemoram o gol de empate de Crespo, anotado nos acréscimos. Menos o volante. Ele sabia que não seria suficiente para evitar a eliminação. A Argentina necessitaria da vitória que não chegou.

“É uma experiência boa para ter o primeiro contato sobre o que representa a seleção argentina e o nível que se espera em um Mundial”, afirma Di María.

Nos treinos em Bronnitsi, Sampaoli usa os garotos especialmente como adversários dos titulares, nas situações em que tenta espelhar o que o próximo rival argentino fará em campo, mas alguns deles podem ser colocados no mesmo time de Lionel Messi.

É o caso de Thiago Almada, 17, meia-atacante  do Vélez Sarsfield. Entre os sparrings na Rússia, ele é o maior candidato a estar no próximo Mundial, no Catar, em 2022, já com a seleção principal.

Almada é comparado a Carlos Tevez pelo estilo que o atacante tinha quando apareceu no Boca Juniors, mas também por ser de Fuerte Apache, o perigoso e pobre bairro da periferia de Buenos Aires de onde saiu o jogador que foi campeão brasileiro de 2005 pelo Corinthians e que hoje está de volta ao Boca depois de jogar na Europa e na China.

“Aprendo muito com eles e os admiro. Cada vez que treinam trato de escutá-los, de olhar o que fazem. Eles me tratam muito bem, com respeito, e me cumprimentam quando nos vemos. Javier Mascherano sempre me pergunta como estou, como me sinto. Sou um pouco tímido e tenho vergonha de falar com eles e pedir conselhos”, disse Almada antes da Copa do Mundo ao diário argentino La Nación.

A ideia dos sparrings nasceu de um clube de Rosário chamado Renato Cesarini, que se dedica apenas a revelar jogadores nas categorias de base. A agremiação costumava levar seus atletas para acompanhar a seleção principal nos Mundiais.

No grupo de garotos que acompanha a seleção de Sampaoli na Rússia há três jogadores do Boca Juniors, equipe mais representada entre os sparrings de 2018.

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