Copa 2018

Sob comando do único técnico negro desta Copa, Senegal estreia contra a Polônia

Em um grupo que tende a ser equilibrado, Senegal começa nesta terça (19), às 12h (de Brasília), sua campanha na Rússia. No banco, o ex-jogador Aliou Cissé, 42, como treinador, algo nada trivial em se tratando da história do futebol africano ao longo de Copas do Mundo.

Até hoje, antes da estreia senegalesa, foram 42 participações africanas em Mundiais. Só 14 casos (33%) havia um técnico nascido no próprio país, e todos os estrangeiros eram de outros continentes.

Mesmo na Copa do Mundo da Rússia, o caso de Cissé não foge à regra. Das cinco seleções que representam a África, apenas uma outra optou por técnicos da casa. É a Tunísia, dirigida por Nabil Maâloul.

Egito, Marrocos e Nigéria, seleções que estrearam com derrota, são comandados por estrangeiros. Respectivamente, Héctor Cúper (Argentina), Hervé Renard (França) e Gernot Roht (Alemanha).

“Temos treinadores de qualidade na África. Represento uma nova geração que quer ter seu espaço no futebol africano e no futebol mundial”, afirmou o senegalês.

Cissé, como jogador, passou por times médios do futebol inglês e nada tem a ver com o atacante francês Djibril Cissé.

No caso específico do senegalês, existe outro fator que o torna ainda mais único no Mundial, que é a cor da pele.

“É verdade. Sou o único técnico negro nesta Copa do Mundo. Este é um longo debate que não tem a ver com futebol. A cor de sua pele não deve ser relevante em um esporte universal, mas é importante sim ter um técnico negro”, afirmou.

Na visão de Cissé, o futebol africano também tem produzido técnicos de qualidade, além dos jogadores de destaque mundial.

“Fico muito feliz com o trabalho de Florent Ibengé no comando da República Democrática do Congo [seleção que não obteve vaga para a Copa]. Temos uma nova geração que está trabalhando, estudando táticas.”

O ex-jogador na Copa de 2002 teve um europeu no comando -o francês Bruno Metsu, que já morreu e foi citado na entrevista coletiva como uma inspiração para seu trabalho e para o time.

Se aos poucos aumenta a quantidade de técnicos africanos que chegam aos Mundiais dirigindo seus países de origem, a evolução do futebol da África em termos de conquistas segue estagnada.

Fatos isolados ocorreram. Como a seleção de Camarões, em 1990, que não apenas ganhou da Argentina na abertura da Copa, como chegou até as quartas de final da competição. O país era treinado pelo russo Valeri Nepomniachi.

A classificação camaronesa seria igualada, depois, por Senegal, em 2002, e Gana, em 2010. Ambas tinham técnicos estrangeiros no comando.

Cissé espera conseguir passar para o mata-mata, em um grupo que tem Polônia, a adversária desta terça-feira (18h), e ainda Colômbia e Japão. Mas, como ele mesmo admite, ganhar a Copa ainda não será desta vez.

“Tenho certeza que um time africano vai vencer a Copa do Mundo. Há 20, 25 anos, os países africanos vinham só fazer parte da Copa do Mundo. Não temos nenhum tipo de complexo, precisamos ter técnicos africanos para seguir adiante”, diz Cissé.

Segundo ele, apesar de sempre ser muito mais complicado para os países da África, por causa do contexto socioeconômico, cada vez mais várias seleções africanas vão ter condições de ganhar de times como a Alemanha e o Brasil.

Até agora, na Rússia, nenhum time africano surpreendeu positivamente. O Egito perdeu para o Uruguai. Marrocos sofreu um gol no último minuto do Irã. E a Nigéria, equipe que tem conseguido chegar ao Mundial com frequência, caiu por 2 a 0 para a Croácia.

Nesta segunda-feira, a Tunísia resistiu até os acréscimo, quando levou o segundo gol dos ingleses na derrota por 2 a 1 na estreia.

POLÔNIA

Szczesny; Piszczek, Bednarek, Pazdan, Rybus; Krychowiak, Linetty, Blaszczykowski, Zielinski, Grosicki; Lewandowski. T.: Adam Nawalka

SENEGAL

Khadim N’Diaye; Gassama, Sane, Koulibaly, Sabaly; Sarr, Alfred N’Diaye, Gueye, Keita; Sakho, Mane. T.: Aliou Cissé

Local: estádio do Spartak, em Moscou

Horário: 12h desta terça

Juiz: Nawaf Shukralla (BAH)

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