Copa 2018

Por vaga nas oitavas, Argentina pode ter goleiro que nunca jogou na seleção

A posição de goleiro é a imagem da confusão que se tornou a Argentina na Copa do Mundo. Contra a Nigéria nesta terça (26), em São Petersburgo, partida em que a equipe tem como única opção a vitória para continuar viva no torneio, o titular deverá ser Franco Armani, 31. Ele nunca jogou pela seleção.

“Desde que você é criança e começa no futebol, quando assina seu primeiro contrato, sempre imagina e sonha com este momento”, disse o goleiro que apareceu para o futebol mundial apenas em 2016, aos 30 anos, com o título da Libertadores do Atlético Nacional (COL).

Até o início de 2018 o nome de Armani não era sequer citado entre os possíveis convocados. Ele chegou a pensar em se naturalizar colombiano e ser chamado pelo país adotivo.

O plano original era que o titular da Argentina na Copa seria Sergio Romero. Dono da posição nos Mundiais em 2010 e 2014, ele estava a uma partida de igualar o recorde do seu ídolo Ubaldo Fillol, como goleiro com mais jogos consecutivos do torneio pela seleção (13).

Romero foi cortado na primeira semana de treinos em Buenos Aires por uma lesão no joelho. Sampaoli o dispensou horas depois de ser constatado que seria necessária limpeza cirúrgica na articulação. O jogador conversou com o técnico e pediu que esperasse. Jurou que se recuperaria a tempo de jogar o Mundial. Situação parecida com a ocorrida na seleção brasileira em 1998 e resultou no corte de Romário.

Sampaoli foi inflexível e isso gerou descontentamento entre os jogadores. Experiente, Romero era um dos integrantes do que se passou a chamar de “mesa chica de Messi” (mesa pequena de Messi, em espanhol).

No futebolês brasileiro, significa a panela de nomes mais próximos ao atacante.

“Eu disse a Jorge [Sampaoli] que jogaria contra a Islândia”, afirmou Romero após o corte.

A mulher do goleiro, Eliana Guercio, se queixou nas redes sociais e insinuou haver um complô para que seu marido saísse da seleção. Ela não entrou em detalhes.

Dias antes, Sampaoli já havia sido atacado por Jorge Guzmán, pai de Nahuel Guzmán, deixado fora da lista de 23 por causa da ascensão de Armani. Menos de 24 horas após ele ter publicado uma carta aberta ironizando o treinador, aconteceu a lesão de Romero e Guzmán foi convocado.

Apesar da pressão de dirigentes da AFA (Associação de Futebol Argentino) e jornalistas para que Armani fosse o titular, Sampaoli bateu o pé por Willy Caballero, 36, que até a estreia na Copa do Mundo, diante da Islândia, tinha três partidas pela seleção. Em uma delas, a equipe perdeu para a Espanha por 6 a 1.

“Willy é um jogador de experiência e capacidade, que tem características que nos agradam e encaixam na nossa maneira de jogar”, explicou Sampaoli.

Uma dessas virtudes é saber jogar com os pés, vista como primordial pelo treinador. A Argentina tem uma partida de vida ou morte contra a Nigéria porque Caballero cometeu um erro em saída de bola e presenteou Rebic com o primeiro gol croata na derrota por 3 a 0.

“Até aquele momento, a partida estava apertada, com a Argentina melhor”, avalia o próprio Sampaoli.

Sem ter para onde correr, o técnico poderá dar a maior oportunidade da carreira de Franco Armani em um dos momentos mais dramáticos da Argentina na história dos Mundiais. Desde 2002, a seleção não cai na fase de grupos.

“Sinto que sou um goleiro capacitado. Não é nada novo. Este processo para chegar na seleção foi de trabalho. Goleiro tem de ter um pouco de cada coisa e hoje em dia tem de saber jogar com os pés. Estou capacitado para jogar com os pés”, disse o possível novo titular.

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