A Copa do Mundo está completando uma semana nesta quinta-feira (21). É o evento mais legal do esporte mundial, é muito divertido passar o dia acompanhando jogos bizarros como Marrocos x Irã e ver os seus colegas discutindo por causa do bolão como se fosse a coisa mais importante do universo. Mas, como se diz, por aí, precisamos falar sobre machismo. E não só sobre machismo, mas também sobre outras formas de preconceito que tomam conta do maior evento do futebol.
Não são poucas as denúncias de assédio sexual durante a Copa. Repercutiram muito por aqui os vídeos lamentáveis que brasileiros machistas fizeram com russas que obviamente não sabiam o que os idiotas estavam falando. Descobertos e questionados, todos deram as desculpas de sempre – “foi o álcool”, “não era eu”, “foi sem querer”, “era só uma brincadeira”. E, pior, outros machistas justificam o “mimimi” com aquele velho papo de que “no futebol sempre foi assim”.
Até quando vai sobreviver a tese de que o futebol tem suas próprias leis? Que o futebol “permite” o machismo, a homofobia, a violência, a ignorância, a falta de ética, a corrupção, a lei de Gérson? O mesmo babaca que diz barbaridades para uma mulher russa que nunca ouviu português porque “é Copa do Mundo” certamente deverá ficar ofendidíssimo se o alvo de tal assédio for a irmã dele.
O futebol construiu esse mundo paralelo desde seus poderosos. O comando da Fifa foi mudado algumas vezes por conta dos escândalos de corrupção – e isso que só se puxou um fio desse novelo, o da venda de votos para a escolha de sedes da Copa do Mundo. Este caminho foi abrindo uma escala de roubalheira que não poupou ninguém, que encarcerou um monte de cartolas, incluindo um brasileiro, e que deixou outros tantos (incluindo outros dois brasileiros) sem poderem sair de seus países.
E é bom lembrar que o “patrono” da Fifa, o falecido João Havelange, era um dos maiores críticos da entrada da tecnologia para detectar possíveis erros de arbitragem, porque isso “acabaria com as discussões no bar”. Qual é! Quer dizer que o erro tem que ser valorizado? Vivemos em uma realidade em que cada vez mais as falhas são corrigidas rapidamente. E só o futebol tem que deixar? Que nada!
Confira a tabela e a classificação da Copa do Mundo!
Da mesma forma a violência. Há quem inclusive celebre as brigas, principalmente quando são do “meu lado”. Na Copa do Mundo, há também os execráveis gritos de “puto” da torcida mexicana. Isso pode? Não pode. Pergunto aos que acham divertido: você aceitaria ser chamado de “puto” por um desconhecido no meio do seu trabalho?
E aí volto aos machistas. A luta das mulheres para serem aceitas no futebol vem de décadas. Hoje, ainda é uma novidade termos repórteres, comentaristas e narradoras. E vemos comovidos as iranianas superarem as proibições para iluminarem os estádios russos. Todas elas são vencedoras, e têm como grande objetivo transformarem suas vitórias em normalidade. Sim, porque isso é o normal. Não o machismo.