SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – E quando o treinador da seleção brasileira está em Sochi, muitas vezes, esses dias começam com discretas idas a igrejas da cidade. Atrás de paz interior e de espiritualidade, e nunca de pedidos por vitórias, ele mantém a rotina que normalmente coloca em prática por onde passa. Foi assim até mesmo em Teresópolis, onde o Brasil iniciou sua jornada para a Copa do Mundo. Lá, Tite chegou a presentear um garoto que havia perdido a mãe.
A oração é uma parte importante para que Tite encontre seu equilíbrio, um termo que costuma aplicar em questões pessoais e até no desenho de jogo de suas equipes. Por isso, com auxílio de seu estafe, o treinador incorporou principalmente em Sochi o hábito de sair para rezar em algumas manhãs.
Normalmente acompanhado de algum membro da seleção, Tite já foi a mais de uma igreja na cidade turística russa que é a casa do Brasil na Copa. À reportagem, o treinador contou ter frequentado um local católico e outro ortodoxo, sem a ideia de ficar preso a uma só cultura, um só local ou um mesmo padre.
Na Rússia, a pluralidade é uma marca forte quando o assunto é religião. Há quatro que são reconhecidas: a Igreja Ortodoxa Russa, que tem mais de 40% de adeptos, o Islã, o Budismo e o Judaísmo. E há grupos religiosos como os católicos romanos, católicos russos, protestantes, etc.
Ainda assim, o índice de ateus e agnósticos é um dos mais altos de todo o mundo no país da Copa 2018, com aproximadamente 69 milhões de pessoas. O regime comunista defendia que a religião era uma forma de a elite dominar a classe trabalhadora. Esse é um dos fatores para uma parte considerável da população ter se afastado do tema.
Para Tite, porém, a religião é um aspecto fundamental. O treinador só se incomoda quando a ideia da religiosidade é confundida com desempenho esportivo e busca por resultados. No vestiário, ele tem por hábito separar um espaço para realizar uma oração antes do jogo, sempre em busca de serenidade. Com os atletas e sua comissão, normalmente o técnico se reúne após as partidas, independentemente da religião de cada um, para agradecer pela saúde de todos.
Personagem do confronto com o México da próxima segunda-feira (2), em Samara, o treinador Juan Carlos Osorio, assim como Tite, frequenta igrejas católicas e chegou a frequentar o mesmo lugar do comandante brasileiro quando ambos trabalhavam em São Paulo. Eles frequentavam missas do padre Marcelo Rossi, mas nunca chegaram a se encontrar em nenhuma delas.