Os moradores antigos contam que a brincadeira começou na distante Copa do Mundo de 1990, com algumas casas em verde e amarelo. Desde então, a decoração da rua 3, no bairro Alvorada, ganhou ares profissionais e se tornou a principal referência em Manaus durante o torneio de futebol.
Neste ano, além do tradicional mosaico formado por centenas de milhares de bandeirolas, as pinturas do asfalto ganharam uma atenção redobrada. Além de torcer pelo hexa da seleção, a meta é conquistar o tetracampeonato no concurso de decoração patrocinado pela prefeitura.
“A cada ano, a gente tem de inovar. Agora a pintura é mais moderna, estilo 3D, para ficar bem diferenciada”, explica a professora de ensino fundamental Charisley de Souza, 32.
Os preparativos deste ano levaram três meses. Nesse período, os moradores das cerca de 30 casas da quadra organizam bingos e feijoada para arrecadar dinheiro e dedicam horas do tempo livre, geralmente à noite, para preparar a festa.
Em tempos bicudos, a Copa é também uma fonte de renda extra. Quase todas as casas vendem cerveja, refrigerantes, espetinho, doces e outras guloseimas.
Os mais ousados improvisam botecos e restaurantes na garagem. Um deles colocou na entrada o logotipo de um bar famoso da cidade e já recebeu uma reprimenda para retirá-lo. Charisley, que vende bebidas diante de casa, disse que a agitação foi um alívio para o cunhado desempregado. Ex-segurança particular, ele foi contratado para pintar a rua.
A rua conta com um palco para música ao vivo e telão e também organiza uma festa junina. Para controlar o público, que mistura famílias e torcedores beberrões, os moradores contratarão seguranças particulares, além da promessa de patrulhas da PM.
“A festa costuma ir até as 2h, mas, se as casas não fecham as portas, o pessoal fica a noite inteirinha”, diz o morador Everton Vieira, 36, técnico em refrigeração nas horas ocupadas.