Copa 2018

Mexicanos ensaiam “olé”, mas encaram eliminação na Copa com resignação

As ruas do centro da Cidade do México ainda estavam cheias do papel picado e dos cartazes e restos de bandeiras da celebração da madrugada, com a vitória do esquerdista López Obrador nas eleições presidenciais.

Mesmo assim, a partir das 7h30 (9h30 em Brasília) tanto o Zócalo (principal praça histórica da cidade) como o Ángel de la Independencia (monumento no Paseo de la Reforma), onde havia telões para mostrar a partida desta manhã, logo iam se enchendo de torcedores usando a camiseta “tricolor” (como é chamada a seleção mexicana).

O assunto já não era mais a eleição, e sim se o México passaria ou não às quartas de final.

Encorajados pela vitória diante dos alemães na fase de grupos, e cheios de elogios para suas estrelas, locutores vinham falando que esta era a melhor seleção mexicana dos últimos tempos.

Da boca das saídas do metrô, via-se gente correndo atrasada até os telões, com as bandeiras e camisetas por cima da roupa de trabalho, eram pessoas que iriam para o escritório ou para seu emprego depois do jogo. Alguns bares noturnos da Zona Rosa abriram especialmente para servir café da manhã com telões aos torcedores.

Diante do telão do Ángel de la Independencia, o hino foi cantado aos brados. A polícia logo chegou para cortar o trânsito, tamanha a quantidade de gente que se acumulava. Cada avanço da seleção mexicana era comemorado com “olés”, “vamos”. Os locutores-torcedores diziam que nesta segunda-feira (2) todos assistiriam um “Samaranazo”, fazendo referência ao Maracanazo brasileiro de 1950.

Os nervos começaram a se exaltar não com o primeiro gol do Brasil, mas com a demora dos jogadores brasileiros em recolocar a bola em jogo, e com as caídas de Neymar. “Onde está o franco-atirador?”, disse, brincando, um dos locutores quando o atacante brasileiro gritava de dor após um choque relativamente normal com um defensor mexicano.

Os que assistiam faziam coro. “Pelo menos 10 minutos de acréscimo vai ter de ter”, gritou um torcedor, desta vez quando Thiago Silva também exagerava um pouco demais para se recuperar de uma queda.

O segundo gol, de Firmino, porém, calou o local. “Se este jogador é um substituto que entra e já marca, é porque somos inferiores mesmo”, disse um advogado, que já ia tirando a camiseta do México e amarrando a gravata para ir trabalhar.

A dispersão foi lenta, as pessoas caminhavam pelo Paseo de la Reforma vazio pela interdição, enquanto os guardas de trânsito iam orientando a multidão. Logo a via seria reaberta ao trânsito usual e caótico da Cidade do México, que voltaria a ter uma segunda-feira habitual.

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