SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Desde 2011 revezando entre o primeiro e o segundo lugares no ranking de melhor jogador do mundo, as estrelas Messi e Cristiano Ronaldo disseram adeus à Copa do Mundo da Rússia logo nas oitavas de final. Baseadas na individualidade de seus protagonistas, as seleções de Argentina e Portugal foram eliminadas por França e Uruguai. As equipes classificadas não têm craques desta dimensão, mas baseiam seu esforço no jogo coletivo e assim vão avançando. Não é a primeira vez que Messi e CR7 são ofuscados por estratégias de jogo adversárias que privilegiam as ações de mais de um jogador.

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O fato de simplesmente ter os melhores jogadores em campo deixou de ser sinônimo de vitórias e sucesso a partir do momento em que a tática ganhou força no futebol, com diminuição de espaços em campo, mais foco na organização defensiva e ações individuais focadas no jogo coletivo. É assim no Uruguai, por exemplo. A seleção dirigida há 12 anos por Óscar Tabárez entrou em campo preocupada em fazer com que a bola chegasse o mínimo possível até Cristiano Ronaldo e, portanto, disciplinada taticamente, com ataques seguros e pressão na marcação. A disciplina vale até para os craques, visto que Cavani armou a jogada do primeiro gol sobre Portugal e apareceu para concluir.

Cavani foi uma individualidade que nasceu do esforço coletivo, da mesma forma que Mbappé na vitória francesa por 4 a 3 sobre a Argentina de Messi. Enquanto a França isolava o camisa 10 adversário no campo ofensivo, apostava na velocidade e nas chegadas de Lucas Hernández que dependiam de compensação, pois Matuidi ficou mais preso do lado esquerdo. Tudo coletivo. Enquanto isso, na Argentina, pouca movimentação e tabelas com Messi, preso em um esquema que deveria privilegiar sua individualidade.

O patamar atingido por Cristiano Ronaldo e Messi, por sinal, talvez só tenha sido possível por encontrarem treinadores e equipes que privilegiam o futebol coletivo, não dependentes de um dia inspirado deles para vencerem partidas. No Real Madrid e no Barcelona, os jogadores são parte da engrenagem. Protagonistas, importantes, recordistas e badalados, mas partes de um todo e acompanhados por jogadores de nível técnico semelhante. Enquanto isso, Portugal e Argentina não têm gerações recheadas de referências.

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Sucumbir diante da força coletiva já é uma sina na trajetória dos melhores jogadores do mundo. Cristiano Ronaldo e Messi disputaram o Mundial em 2006, 2010 e 2014, anos em que Itália, Espanha e Alemanha saíram como campeãs. Todas contavam com jogadores de alto nível internacional, mas não uma estrela do porte do português e do argentino, que chegam aos 33 e 31 anos sem um título de Copa no currículo, precocemente eliminados da edição de 2018 e ameaçados de não integrarem o ciclo para o torneio no Qatar, em 2022.