Copa 2018

Japão e Senegal fazem duelo improvável pela liderança do grupo

Numa Copa do Mundo pródiga de dificuldades para os ditos favoritos, poucos confrontos na segunda rodada da primeira fase são tão emblemáticos desse cenário.

Japão e Senegal se enfrentam neste domingo (24) em Iekaterinburgo, e um deles poderá sair líder do grupo e virtual classificado para as oitavas de final caso vença a outra zebra em campo.

Na primeira rodada, as seleções surpreenderam. Liderado pelo atacante Shinji Kagama, o Japão despachou a Colômbia por 2 a 1, naquela que foi a primeira vitória de um time asiático contra um sul-americano em Copas.

Kagama vinha sendo negligenciado na equipe até a chegada do veterano técnico Akira Nishino, em abril. Converteu o pênalti que abriu o placar contra os colombianos.

Nishino disse neste sábado (23) que sua maior preocupação é a força física dos africanos. “Eu disse para os jogadores que você não ganha 5 cm e 5 kg de uma só vez”, brincou.

“Se houver muito contato, estaremos em desvantagem. Assim, temos de variar o jogo e usar nossa velocidade. Usar o cérebro em vez do físico”, disse, repetindo clichês sobre times asiáticos e africanos, ressaltando que Senegal tem uma inusual disciplina tática.

“Os jogadores africanos são disciplinados. Você não pode dizer que asiáticos ou europeus são mais disciplinados do que os africanos”, afirmou o técnico senegalês, Aliou Cissé, único treinador negro no Mundial.

Sob seu comando, o Senegal surpreendeu os poloneses do atacante Robert Lewandowski na estreia por 2 a 1.

A estrela do time, o atacante Sadio Mané, disse que não se vê dessa forma. “Jogamos coletivamente. O jogo será bonito, o Japão é um time agressivo”, afirmou.

Ambos as equipes procuram fazer história. Os japoneses têm mais tradição em Copas, e desde 1998 estiveram em todas as edições –tendo chegado duas vezes às oitavas de final (2002 e 2010).

“Temos de ganhar, mesmo que seja de forma um pouco arriscado”, disse Nishino.

Já Senegal só participou do Mundial de 2002, quando surpreendeu e chegou às quartas –o capitão era o hoje técnico Cissé. Decepcionou nas três edições seguintes, sem se classificar.

“Nós queremos chegar no mínimo onde chegamos em 2002. As duas gerações são muito boas, aquela e a atual”, afirmou Cissé.

O jogo entre ambos será na Arena Iekaterimburgo, um dos estádios mais peculiares do Mundial. Para não alterar a fachada histórica, de 1957, foram feitas duas arquibancadas temporárias externas que fazem a construção parecer um bolo fatiado.

Ao fim da Copa, como no caso do Itaquerão, as estruturas serão desmontadas. A capacidade cairá de 35 mil para 25 mil pessoas, e ainda assim parece muito: o time da casa, o FC Ural, colocou uma média de 8.115 pagantes nos jogos que mandou nesta temporada na primeira divisão russa.

O jogo oporá as duas torcidas que se destacaram por promover a limpeza de suas áreas após os jogos. O zagueiro japonês Maya Yoshida respondeu com sarcasmo à pergunta de um jornalista britânico, que quis saber se ele também arrumava o vestiário.

“Comparado com o da Premier League (primeira divisão inglesa, onde ele joga), nosso vestiário é mais limpo, claro”, disse.

Enquanto isso, Polônia e Colômbia terão de mostrar serviço no embate em Kazan. Sem o protagonismo e sabendo que uma segunda derrota virtualmente exclui a equipe do Mundial, o jogo entre as seleções poderá ter elementos de desespero.

Obviamente, como resultados pouco óbvios em vários grupos demonstra até aqui, todo esse cenário pode ser embaralhado novamente para a terceira a rodada.

JAPÃO X SENEGAL

12h, na Arena Iekaterinburgo

TV: Globo, FoxSports e SporTV

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