Copa 2018

Ingleses temem conflito e fazem bate-volta para não ficar na Rússia na Copa

O temor de conflito com torcedores russos está afastando os ingleses da Copa. Em Kaliningrado, onde a Inglaterra joga nesta quinta (28) com a Bélgica, alguns fãs adotaram o “bate-volta” para evitar ficar em solo russo.

“Eu e meus amigos achamos melhor alugar uma van. Chegamos cedo e vamos embora depois do jogo, foram só três horas e meia de estrada”, afirmou Dan Eagle, 48, que tomava cerveja com um grupo numa área turística de Kaliningrado chamada Vila dos Pescadores.

Eles estão em Gdansk, na Polônia, distante 170 km de rodovia da cidade russa. “A gente leu muita coisa ruim na imprensa”, completou.

Kaliningrado fica em um território russo ensanduichado entre Lituânia e Polônia. Historicamente área alemã, a antiga Königsberg foi anexada pela União Soviética após a Segunda Guerra Mundial e renomeada em homenagem ao líder comunista Mikhail Kalinin em 1946.

O azedume diplomático entre Reino Unido e Rússia vem piorando desde que Vladimir Putin reabsorveu o território da Crimeia da Ucrânia, em 2014.

Mas o caldo entornou em março deste ano, quando o governo britânico acusou o Kremlin de envenenar um ex-espião russo numa cidadezinha inglesa. O fez sem provas cabais, mas a crise subsequente levou à maior expulsão mútua de diplomatas da história recente.

O técnico da Inglaterra, Gareth Southgate, admitiu que isso tem reduzido a base de fãs em seus jogos. Em entrevista coletiva na quarta (27), ele disse que gostaria de ver mais torcedores ingleses nos estádios.

“Tem sido um processo difícil, com muitos temores que não se comprovaram sobre o que as pessoas experimentariam aqui”, afirmou. “Nós fomos muito bem recebidos como um time.”

Muito pode ficar na conta da imprensa britânica, que cumpre como ninguém o papel de provocadora barata. O tabloide Daily Express, por exemplo, criou caso com a escolha do hotel pela delegação inglesa em Kaliningrado —estabelecimento cinco estrelas, ele fica ao lado de uma avenida movimentada e tem um clube noturno de strip tease na frente.

A Football Association, entidade que rege o futebol inglês, estimou em 2 mil o número de torcedores do país em cada um dos dois primeiros jogos do time na fase de grupos. Nas ruas de Kaliningrado, até a quarta não se viam muitos ingleses, mas o número começou a aumentar na manhã desta quinta (28).

A Vila dos Pescadores começou a receber as tradicionais bandeiras inglesas, mas o número de turistas belgas era muito superior pelas ruas. Táxis no centro ofereciam a turistas o trajeto até Klaipeda, cidade lituana a 150 km de distância, por € 100 (R$ 450).

Até aqui, com a exceção de prisões pontuais de bêbados arruaceiros, não houve grandes problemas envolvendo torcidas —e, até onde se sabe, nenhum episódio inspirado pela rixa entre Rússia e o Ocidente.

A polícia tem controlado os grupos mais violentos de hooligans russos, que até aqui só fizeram ameaças em entrevistas. No começo do ano, um grupo deles chegou a ir à Buenos Aires para tentar selar uma aliança com os vândalos locais, os “barrasbravas”. A ideia era uma ação unificada contra os ingleses em solo russo, mas isso não ocorreu devido ao rígido esquema de segurança imposto pelo governo.

Em Kaliningrado, houve um quebra-quebra pouco divulgado promovido por torcedores sérvios durante o jogo entre Croácia e Islândia, na terça (26). A Sérvia era o país dominante na antiga Iugoslávia, e a independência da Croácia nos anos 1990 ocorreu de forma bastante violenta.

A dissolução do antigo país socialista reanimou antigas rivalidades históricas, e aparentemente os sérvios não ficaram muito felizes com a vitória de seus rivais croatas.

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