SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Se você dissesse há dois anos a qualquer torcedor inglês que Jordan Pickford seria o herói da classificação nos pênaltis às quartas de final da Copa do Mundo em 2018, ele provavelmente riria da sua cara. O goleiro, à época, estava voltando de seu sexto empréstimo seguido e não tinha nem perspectivas de ser titular do Sunderland, clube onde foi formado como jogador. Mas a carreira deu uma completa reviravolta desde então, a ponto de hoje, aos 24 anos, ele ser o atleta de sua posição mais caro da história do país.

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O currículo de Pickford até pouco tempo atrás não era lá muito invejável. Entre 2012 e 2016, ele foi emprestado pelo Sunderland a Darlingon, Alfreton Town, Burton Albion, Carlisle United, Bradford City e Preston North End, todos de divisões inferiores. Quando voltou ao clube de origem pela sexta vez há dois anos, sua expectativa era passar a temporada na reserva do italiano Vito Mannone. Mas uma lesão grave sofrida pelo titular abriu a porta da oportunidade.

Pickford estreou na Premier League pelo Sunderland em janeiro de 2016, completando assim, aos 21 anos, o feito de ter jogado nas cinco principais divisões do Campeonato Inglês. Ele seguiu na reserva naquela temporada, mas Mannone se lesionou no início da campanha seguinte, e o jovem goleiro não saiu mais do time. Mostrando reflexo, personalidade, liderança e até habilidade com os pés, logo ele se tornou um dos jogadores ingleses mais cobiçados no mercado.

O brilho de Pickford foi recompensado com uma transferência para o Everton por 30 milhões de libras (R$ 154,2 milhões, em valores atuais), contando metas por desempenho. Ele se tornou o goleiro mais caro da história da Inglaterra e pouco depois atingiu o sonho de ser convocado para a seleção principal, depois de ter passado por todas as categorias de base da equipe nacional.

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Com 1,85 m, Pickford não é um goleiro muito alto para os padrões atuais. Mas ele diz que compensa com agilidade e impulsão. Outra qualidade destacada é sua força mental, que ajudou a Inglaterra a superar o trauma de nunca ter vencido uma disputa de pênaltis em Copas até esta terça-feira (3). Segundo ele, os sucessivos empréstimos para times menores foram fundamentais para que ele desenvolvesse a tranquilidade que sua posição exige.

“Todo empréstimo por que passei me ajudou a me desenvolver”, disse Pickford ao jornal Sunderland Echo. “Você pode ser bom tecnicamente, mas ser emprestado ajuda você a entender melhor o jogo e ficar mais maduro. Jogar toda semana é diferente, não tem coisa melhor. E você para de depender o tempo todo dos seus pais e da sua namorada.”

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Pickford tinha concorrência acirrada pelo posto de titular da Inglaterra, mas o técnico Gareth Southgate apostou no jogador do Everton, entre outras coisas, por ele ser melhor no jogo com os pés do que Nick Pope, do Burnley, e Jack Butland, do Stoke. Mas foram seu talento debaixo das traves e sua calma no momento decisivo que levaram a Inglaterra mais uma vez para as quartas de final de uma Copa do Mundo.