No treino desta quarta-feira (13) da seleção brasileira, três funcionários contratados pela Fifa ficaram em cima de um prédio vizinho ao campo de treinamento da seleção observando a movimentação.
De binóculos, eles procuravam drones, que poderiam ser usados por adversários para estudar o ensaio do time comandado por Tite.
O grupo tinha autorização para “abater” os drones. Eles bloqueariam a frequência do aparelho.
O Grêmio utilizou um drone durante todo o ano passado para monitorar alguns adversários, inclusive fora do país. O time conquistou a Libertadores de 2017.
A comissão técnica da seleção brasileira ainda tem outros três analistas de desempenho que vão trabalhar como observadores técnicos, ou seja, os antigos espiões: Maurício Dulac, Carlos Bressane, o Dudu, e Bruno Baquete, que coordena a análise de desempenho do Atlético-PR.
Baquete terá a missão de acompanhar os jogos do Grupo F, que é composto por Alemanha, México, Suécia e Coreia. Se passar pela primeira fase, a seleção enfrentará um dos quatro adversários nas oitavas de final. Ele já vinha acompanhando a atual campeã mundial.
A comissão técnica da seleção brasileira analisa todos os países do Mundial pelo menos desde outubro do ano passado. A CBF contou com a ajuda do departamento de análise de desempenho dos clubes que estavam na Série A de 2017. O Flamengo foi o único que não participou.
A divisão foi feita por sorteio. Os profissionais do Grêmio analisaram a Suíça, rival do dia 17 em Rostov. Já integrantes do departamento do Avaí estudaram a Costa Rica, adversário do dia 22.
O Sport, por sua vez, foi o responsável por preparar o relatório da Sérvia, último rival da primeira fase, em jogo marcado para o dia 27.
Os profissionais dos três times se encontraram com a comissão técnica da seleção brasileira, mostrando os relatórios durante o período de preparação na Granja Comary, no fim de maio.
“Montamos um modelo de relatório que contempla a questão tática dos adversários como um todo, principalmente a forma de jogar e a análise individual dos atletas. Além do relatório, os analistas mostraram vídeos exemplificando as situações de jogo, como ilustração do que está no documento”, explicou Lázaro.
A seleção brasileira usa observadores técnicos desde a Copa do Mundo de 1970. Antes, as informações com o destaque de cada time e o lado forte e fraco eram anotadas em papéis e repassadas para as comissões técnicas.
Jairo Santos, que trabalhou como observador técnico da CBF por 30 anos, contou recentemente que o Brasil não sabia como a Holanda jogava em 1974. O time holandês liderado por Rinus Michels ficou conhecido como “Laranja Mecânica” e sagrou-se vice-campeão mundial.
Em 2002, o espião do pentacampeonato foi Gilson Nunes. Ele tentou entrar no treino da Turquia como jornalista, mas foi barrado. Logo depois, a federação turca permitiu a entrada desde que seu treinador pudesse assistir à atividade de Luiz Felipe Scolari.
Em 2014, a seleção teve dois ex-jogadores como observadores: o ex-volante Gallo e o zagueiro pentacampeão Roque Júnior.