Copa 2018

Estreia decisiva reforça Kane como líder e astro da Inglaterra pós-Rooney

VANDERSON PIMENTEL

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Desde 1998, a Inglaterra termina suas Copas em decepções tão grandes quanto o tamanho das expectativas criadas. E justamente no ano em que a equipe chega mais desacreditada, surge uma geração cujo protagonista não é apenas uma força dentro de campo, mas também decisivo a ponto de conquistar os companheiros e torcedores machucados pelos trágicos desempenhos nos últimos Mundiais.

Autor dos gols que fizeram a Inglaterra bater a Tunísia por 2 a 1 em Volgogrado, nesta segunda-feira (18), Harry Kane se reafirma como capitão da equipe. De quebra, já supera em Copas do Mundo o número de tentos do principal jogador de sua seleção nos últimos 15 anos.

Por mais que seja o maior artilheiro da história da seleção com 56 gols, Wayne Rooney sempre deixou a desejar em Copas. Das 11 partidas que fez entre 2006, 2010 e 2014, o atacante marcou apenas um gol, no mesmo jogo em que a Inglaterra foi eliminada ainda na fase de grupos na competição que aconteceu no Brasil. Kane, em um dia, bateu um dos maiores símbolos da geração que o antecedeu.

A “passagem de bastão” de Rooney para Kane aconteceu de maneira forçada e teve influência direta de Gareth Southgate. Ao assumir o comando da Inglaterra interinamente em setembro de 2016 após a saída de Sam Allardyce, o técnico foi tirando aos poucos o espaço de Rooney da equipe.

Depois de alterná-lo entre a titularidade com a faixa de capitão e o banco de reservas, Southgate removeu Rooney de suas convocações a partir de 2017. A opção do técnico em barrar o astro fez com que o atacante de 32 anos anunciasse sua aposentadoria da seleção em julho do ano passado, e deixasse os jogadores da lista atentos com o treinador.

“Eu certamente não esperava que o técnico deixasse ele de fora contra a Eslovênia”, disse o lateral esquerdo Danny Rose. “Assim que vimos isso, sabíamos que ele seria alguém a ser respeitado. Afinal, ele deixou de fora um dos melhores jogadores da Inglaterra.”

Depois de criar uma espécie de rodízio da faixa, a alternando entre Jordan Henderson, Joe Hart e Harry Kane, o treinador optou por dar ao atacante do Tottenham a alcunha de capitão para a Copa deste ano. Antes de ser convocado pela primeira vez, logo após o Mundial 2014, o jogador havia recusado defender a seleção da Irlanda, país em que seu pai nasceu.

Em pouco tempo de seleção, Kane ganhou espaço, virou titular no ano seguinte e foi um dos destaques ingleses na Eurocopa que aconteceu na França. Presente nas seleções do Campeonato Inglês das últimas quatro temporadas, Kane foi artilheiro da competição em 2016 e 2017, e se tornou referência definitiva da Inglaterra após ser eleito pela federação local como o melhor jogador de seu país no ano passado.

Além de ser o líder de uma promissora geração que ainda conta com Marcus Rashford, John Stones, Dele Alli e Raheem Sterling, os 15 gols em 25 jogos de Kane dão esperança a uma seleção que procura um centroavante decisivo em Copas do Mundo há 20 anos. Desde a aposentadoria de Alan Shearer da Inglaterra, em 2000, a seleção não conseguiu encontrar uma referência que merecesse a confiança dos torcedores.

Em 2002, Emile Heskey era a principal opção da equipe e só fez um gol no Mundial da Coreia do Sul e Japão. O número é o mesmo de Peter Crouch, em 2006, Jermaine Defoe, em 2010, e Daniel Sturridge, em 2014. Rooney seria o titular na Copa da Alemanha, mas o atacante chegou lesionado e só conseguiu fazer dupla com Michael Owen em apenas um jogo. Na África do Sul, o já veterano Heskey começou como titular, mas perdeu espaço na equipe de Fabio Capello ainda no terceiro jogo da fase de grupos pelas apresentações insatisfatórias.

O número de gols de Kane na Copa de 2018 já é o mesmo de Shearer no Mundial de 1998. Caso faça ao menos mais um tento, o atacante do Tottenham será o primeiro inglês a marcar mais de dois gols em uma única Copa desde 1990, quando David Platt fez três e Gary Lineker celebrou em quatro ocasiões.

Harry Kane tem apenas 24 anos e já se tornou protagonista de uma seleção campeã do mundo. Por mais que as expectativas sobre os ingleses não sejam tão altas como em outras Copas, o jogador se coloca como referência de uma equipe rejuvenescida e que terá a chance de reescrever um novo capítulo de glórias na Inglaterra. Seja nesta Copa ou nos próximos anos.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo