Copa 2018

Engenheiro, técnico doma Cristiano Ronaldo e leva respaldo de atacante

Após a conquista inédita do campeonato europeu de seleções em 2016, o técnico português Fernando Santos, 63, recebeu vários convites para ser homenageado.

Mas decidiu aceitar apenas um, o do ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa), para a abertura do ano letivo.

Santos, ex-aluno do instituto, falou à nova turma de 2016.

“Entrei aqui um ano e meio antes do 25 de abril [de 1974, dia da Revolução dos Cravos, que derrubou a ditadura que havia em Portugal], vivi muitas coisas boas. Formei-me como homem, tive um primeiro contato com uma realidade que não conhecia. O antes 25 de abril e o pós 25 de abril.”

O técnico contou à plateia de 200 alunos como o curso de engenharia o ajudaria depois no futebol. Seja em campo, como jogador, ou quando virou técnico. “Os exercícios de liderança vividos aqui foram fundamentais”, afirmou quem tem agora a missão de liderar, entre outros, o também líder Cristiano Ronaldo.

A convivência entre ambos é boa desde 2016. Cristiano, há dois anos, anunciou que votaria em Santos como melhor treinador da temporada.

Para o artilheiro, como é mais difícil vencer um campeonato europeu de seleções com Portugal do que a Liga dos Campeões com o Real Madrid, o técnico português levaria o voto. Zidane, então treinador de Cristiano Ronaldo, havia sido preterido.

No final do curso de engenharia, nos anos 1970, o futebol começou a chamá-lo, recordou Santos em sua palestra aos jovens portugueses. Por isso, admitiu, o desempenho escolar caiu um pouco. 

No final do curso universitário, Fernando Manuel Fernandes da Costa Santos passou a ser jogador profissional do Estoril, na região de Lisboa, sua cidade natal. 

O defensor mediano viraria treinador nos anos 1980 no mesmo clube em que jogou a maior parte da carreira.

Antes de ganhar a Euro com Portugal, ao bater a França na final, Santos não tinha nenhum troféu internacional importante em seu currículo. 

Ganhou o campeonato português em 1999 pelo Porto. Na Grécia, onde passou 11 anos de sua carreira em três períodos diferentes, conquistou uma copa nacional, em 2002, com o AEK Atenas. É muito respeitado no país mediterrânico, tanto que dirigiu a seleção grega em 2012, ainda na Euro.

As estatísticas dos últimos anos à frente de Portugal o permitem sonhar com uma boa campanha na Rússia.

Em jogos oficiais, desde depois da Copa no Brasil, quando assumiu a equipe, foram 30 jogos. Portugal venceu 23, empatou 5 e perdeu apenas 2.

Uma vez para a Suíça por 2 a 0, nas eliminatórias para a Copa, e outra na semifinal da Copa das Confederações do ano passado. O Chile venceu os portugueses nos pênaltis.

Caso passe das oitavas de final na Rússia, Santos poderá colocar mais uma linha de destaque em seu currículo. Ele será o primeiro técnico nascido no país a colocar uma seleção entre as oito primeiras colocadas em um Mundial. 

Em 1966, na Inglaterra, Eusébio e Coluna, liderados pelo brasileiro Otto Glória (1917-1986), ficaram em terceiro. Na Copa de 2006, na Alemanha, o time quarto colocado tinha Cristiano Ronaldo em campo, mas outro brasileiro, Scolari, no banco de reservas.

ELOGIOS

Se Ronaldo é só elogios desde que Santos assumiu o comando da equipe, muito por causa da liderança que ele exerce sobre todos os jogadores, a recíproca é verdadeira. Algo que tem sido comum na carreira do atacante.

Desde o romeno Lazlo Boloni, que dirigiu Cristiano Ronaldo no Sporting quando ele se transferiu da Ilha da Madeira para a capital do país, até mais recentemente Zidane, em Madri, é difícil encontrar algum treinador que fale mal de um dos astros do futebol.

Palavras como disciplina, vontade, competitivo e agregador estão sempre atreladas ao jogador de Portugal. 

Com Alex Ferguson, a relação chega a ser paternal. Cristiano Ronaldo costuma dizer que o treinador que o levou de Portugal para a Inglaterra, para atuar no Manchester United, foi quem o ensinou a jogar futebol.

Em maio, depois de marcar contra o Barcelona, Cristiano Ronaldo não comemorou. Justificou depois que não poderia vibrar enquanto Ferguson estava no hospital.

A lista de elogios ainda tem declarações dos sempre exigentes Mourinho e Scolari.

“Ele tem o que eu chamo de percepção do jogo. A inteligência específica para se jogar futebol”, disse o técnico português logo após Cristiano fazer três gols na Espanha.

O que resta saber agora é se o craque português conseguirá ajudar Fernando Santos a vencer na Rússia.

Apesar de o próprio treinador saber que ele não joga sozinho. “Não estamos aqui em um torneio de tênis.

Precisamos de toda a equipe concentrada e organizada”, afirmou Santos, conhecido pelo seu estilo pragmático de ganhar as partidas, com o máximo de segurança defensiva possível. E, muitas vezes por um gol de diferença.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo