Teresópolis – O primeiro treino coletivo da seleção brasileira visando à Copa América foi um fiasco. Durou somente 15 minutos, por causa de duas baixas no time reserva. O atacante Ricardo Oliveira sofreu uma pancada no joelho esquerdo, numa disputa de bola com o zagueiro Luisão, e deixou o gramado amparado por dois integrantes da comissão técnica.
Minutos depois, o meia Vinícius, um jogador recém-promovido dos juniores do Flamengo e que completava o time suplente na ausência de Felipe, também teve de sair por causa de uma luxação na barriga.
Luís Fabiano havia marcado um gol para os titulares e recebeu aplausos da pequena torcida aglomerada atrás do alambrado da Granja Comary. Mas o coletivo foi tranformado, em seguida, num treino tático, o terceiro da semana. Parreira insistiu na atenção à marcação e ensaiou várias jogadas a partir de bola parada: faltas e escanteios. Ele acredita que possa, num lance isolado, mudar o resultado de um jogo.
Citou o exemplo de Portugal, na vitória sobre a Holanda, pela Eurocopa, que fez o segundo gol, após uma rápida cobrança de escanteio. “Detalhes decidem partidas.” Ele disse que alguns atletas vão ter de se adaptar à seleção e deixar de lado à maneira com que vinham atuando em seus clubes. Para ele, Mancini terá de jogar apenas como lateral, e não como na Roma, em que se posiciona do meio para a frente. “Estamos numa fase de reciclagem aqui, para que se ajustem ao esquema da seleção.”
Gustavo Nery é outro que já está aprendendo as lições de Parreira. Em vez de ficar no meio, tem ocupado os espaços habituais de um lateral-esquerdo. “O Renato tem se comportado também como eu quero na seleção, como o primeiro volante.” “Eu trabalharia mais essa adaptação no coletivo. Mas houve o imprevisto das contusões. De qualquer forma, não foi desperdiçado o dia, com a atividade tática da parte da manhã.”
À tarde, os jogadores receberam a visita do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e encerraram os quatro dias de treinamento na Granja Comary realizando um treino físico. Correram ao redor do campo e fizeram exercícios específicos. Ricardo Oliveira não foi muito exigido no desempenho das tarefas, por causa do problema no joelho, e a tendência é a de que hoje volte a treinar normalmente.
“O Ricardo foi poupado e optamos por não exigí-lo agora à tarde. Mas sua contusão não é grave, não preocupa e foi apenas um trauma, um choque, sem maiores conseqüências”, disse o médico da seleção, Rodrigo Lasmar.
Kléberson na frente pelo posto de capitão
Teresópolis –
A experiência, liderança, humildade e confiança do único jogador campeão do mundo em 2002, presente na atual seleção brasileira, transformaram o volante Kléberson no favorito ao posto de capitão, para a disputa da Copa América do Peru, entre 6 e 25 de julho.Durante os quatro dias de preparação na Granja Comary, em Teresópolis, o técnico Carlos Alberto Parreira, por diversas vezes, elogiou o atleta do Manchester United e lhe dedicou atenção especial. “O professor Parreira me pediu para orientar e conversar com os outros jogadores, para passar aos mais novos a minha experiência.”, disse Kléberson, que tem por concorrentes ao posto de comandante do time, o meia Alex, além do goleiro Júlio César. “Não sei se serei o capitão, prefiro deixar isso para o professor resolver. Mas, ia ser sensacional.” Kléberson ainda relatou que nas conversas com Parreira o seu posicionamento em campo tem sido uma abordagem constante. De acordo com o volante, a principal orientação do treinador foi a de que esteja mais presente à marcação e procure revezar com Renato as investidas ao ataque.
Atuar na formação tática 4-3-1-2, diferente da 3-5-2 adotada pelo técnico Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato mundial, não está sendo um problema para Kléberson. Para o jogador, o atual posicionamento em campo o preserva um pouco mais, por precisar ficar mais fixo no meio-de-campo.
De volta
Em seu retorno ao posto de titular na seleção, Kléberson não escondeu
sua felicidade. Contou ter passado por momentos difíceis após o título da Copa do Mundo, quando precisou se adaptar ao futebol inglês e superar duas contusões, uma no ombro esquerdo e outra no joelho direito, que o afastou dos gramados por quatro meses. “Foi um período difícil, porque pensei que pararia por duas ou três semanas e acabei ficando afastado por quatro meses”, recordou Kléberson, que se transferiu do Atlético-PR para o Manchester após a competição na Coréia e Japão. “Cheguei com todo o gás na Inglaterra, mas os problemas físicos foram minando minhas forças. Mas, agora, está tudo bem e voltei com força total.”