O Conselho Deliberativo do Corinthians se reúne nesta segunda-feira, no Parque São Jorge, para discutir as contas do último ano de gestão do ex-presidente Mário Gobbi. Oposicionistas prometem cobrar explicações do grupo liderado por Andrés Sanchez, no comando do clube desde 2007.
O relatório apresentado pelo ex-diretor financeiro Raul Corrêa da Silva mostra que 2014 foi um ano muito difícil para o clube. A receita total caiu 18%, de R$ 316 milhões para R$ 258,2 milhões, provocando déficit operacional e aumento no endividamento. As dívidas do Corinthians já somam R$ 313 milhões.
A gestão de Gobbi culpa quatro fatores para ter encerrado o ano passado em dificuldade financeira. São eles: a crise econômica brasileira; o fato de o Corinthians ter ficado em décimo lugar no Campeonato Brasileiro de 2013; a não classificação para a Libertadores de 2014; a mudança na contabilização da receita de bilheteria, que não entra mais na conta do clube e passou a ir direto para o fundo que administra o Itaquerão.
No ano passado, por exemplo, R$ 36,2 milhões, referentes à venda de ingressos no novo estádio foram para uma conta que será usada para o pagamento dos empréstimos feitos pelo clube durante a obra.
Com menos dinheiro em caixa, entre 2013 e 2014, os custos do futebol caíram quase R$ 10 milhões, de R$ 248,2 milhões para R$ 238,5 milhões. O clube terminou o ano sem títulos e, mesmo assim, o peso do departamento em relação às receitas do clube aumentou de 79% para 92%.
Com Gobbi, o Corinthians também ficou mais dependente do dinheiro da TV Globo. Os R$ 108,7 milhões recebidos de cota de transmissão de TV corresponderam a 42% do orçamento do clube. No ano anterior, eram 32%. Nenhuma outra receita teve uma parcela tão grande nas contas do clube como a TV.
Para tentar ajustar as contas deixadas pelo seu antecessor, o presidente Roberto de Andrade tem cortado gastos no Parque São Jorge. O dirigente já demitiu funcionários e pediu a alteração de contratos assinados pela gestão de Gobbi.