Hoje à noite, os conselheiros do Atlético tomarão conhecimento da necessidade de o clube empenhar o CT do Caju como garantia à Agência de Fomento do Paraná, para que receba os R$ 123 milhões do financiamento que será feito pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, o conselho também será informado do projeto de viabilidade econômico-financeira para as obras, assim como da possibilidade de deixar a Arena da Baixada como reserva técnica para futuras captações de recursos. Isso significará que, caso os conselheiros concordem, fica pré-aprovado o uso do estádio como garantia a ser dada futuramente, se necessário, a fim de viabilizar as reformas exigidas pela Fifa para a Copa do Mundo de 2014.
Embora a reunião aconteça apenas hoje, para a Agência de Fomento presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, já assegurou o CT como garantia, o que vai contra a proposta de que tudo teria de ser aprovado pelo conselho. As medidas também vão contra promessas de campanha e discurso de defesa do patrimônio do clube. As declarações de que não empenharia nenhum patrimônio foram feitas em julho, quando Petraglia teve sua proposta escolhida pelo conselho como melhor opção para a condução das obras. Seu projeto era de manter o clube “dono de si”, gerindo as obras, zelando pelo patrimônio, sem endividamento. Porém, só metade tende a ser cumprido, já que o Rubro-Negro terá de tomar financiamentos e vai adquirir uma dívida de 15 anos, com, pelo menos, o CT do Caju empenhado.
Conta não bate
Além disso, os valores estimados em R$ 184,6 milhões – anunciados por Petraglia em fevereiro – podem estar longe do real orçamento. Nem mesmo a Agência de Fomento, que fará o repasse do BNDES, tem os valores reais da reforma da Arena. O presidente rubro-negro aposta nestes números, na expectativa de que o empreendimento tenha isenção fiscal de 20%. No entanto, o Recopa (programa de isenção fiscal criado pelo governo federal) tem dado no máximo 10% de isenção, que foi o Corinthians conseguiu para o Itaquerão. O percentual se assemelha ao estudo encomendado pelo próprio Atlético no ano passado, com levantamentos da empresa de auditoria KMPG, de São Paulo. Assim, os R$ 234 milhões brutos do valor da obra – custo avaliado pelo próprio governo federal e pela Fifa -, podem cair para R$ 210,6 milhões com a isenção.
Isso geraria um aumento de 26 milhões a mais no valor que fora prometido por Petraglia. “Quando foi feito este levantamento pela KPMG, eles nos disseram que o abatimento corresponderia de 8% a 10% do valor total. O levantamento foi feito sobre o custo final da obra, em maio e junho do ano passado”, explicou o ex-presidente Marcos Malucelli. Para o ex-dirigente, Petraglia está ainda deixando de lado toda a preocupação com o clube, passando por cima de tudo que fora acertado quando ele assumiu a CAP S/A. “A promessa era de que não iria onerar o clube e, para isso, daria o nome dele com garantia se fosse necessário. Disse que não daria patrimônio como garantia e nem endividaria o Atlético”, relembrou Malucelli.
O ex-presidente contesta ainda a postura do presidente do conselho deliberativo, Antônio Carlos Bettega, que também fazia parte do antigo conselho e estava nas reuniões decisivas. “O Tataio estava lá, ele vai deliberar de maneira contrária ao que ele próprio, como membro do conselho, decidiu. Este conselho vai fazer papel de carimbador. A decisão só vem para eles carimbarem, não vão discutir nada. Estou estupefato, preocupado com o Atlético. Ele [Petraglia] vai ficar três anos e vai embora. Não se tem até hoje orçamento de qual parte caberá ao Atlético”, reclamou Malucelli.