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Consagrado no futsal, PC de Oliveira tenta deixar sua marca na Ferroviária

Hoje na zona de rebaixamento do Campeonato Paulista, a Ferroviária recebe nesta segunda-feira o São Bento, às 20 horas, na Fonte Luminosa, na conclusão da sétima rodada e aposta em um técnico campeão do mundo para seguir na elite estadual. Só que não um campeão mundial de futebol, mas de futsal. Ele é Paulo César de Oliveira, o PC de Oliveira, que levou a seleção brasileira ao título em 2008 e tem carreira gloriosa no esporte, com conquistas por Internacional, Ulbra-RS e Corinthians, entre outros.

Engana-se, porém, quem vê PC de Oliveira como um novato no futebol e na Ferroviária. Natural de Araraquara e mesmo dando preferência ao futebol de salão desde a adolescência, o hoje treinador se profissionalizou no campo, pelo clube, defendeu a seleção brasileira de juniores em 1977, 1978 e 1979, passou pelo Guarani e, então meio-campista, era conhecido como Paulo César. Depois trocou de esporte de vez, indo para o da bola pesada para jogar como fixo.

Consagrado, seja pela seleção ou nos clubes – venceu quatro vezes a Liga Futsal como técnico -, PC de Oliveira foi até a Espanha, em 2014, para se “reaproximar” do futebol. Lá, na Real Federação Espanhola de Futebol, fez um curso de diretor esportivo. E é dessa experiência que ele tira os ensinamentos que agora tenta implementar na Ferroviária.

O retorno para Araraquara, em maio de 2015, foi em um cargo de nomenclatura pouco usual no futebol brasileiro: coordenador metodológico de treinamentos. Mas tem tudo a ver com a modernidade apregoada pela Ferroviária, um clube-empresa e que no ano passado, na sua volta à elite paulista, apostou em um técnico estrangeiro, o português Sergio Vieira.

“A ideia é utilizar a metodologia do futsal e do que vi na Europa para implementar no futebol, sem esquecer a essência do futebol brasileiro”, explicou PC de Oliveira, detalhando o trabalho que vem sendo realizado desde as divisões de base da Ferroviária.

No último mês, além do trabalho de coordenador, PC assumiu a condição de técnico, substituindo Antonio Picoli, demitido após a eliminação da Ferroviária na primeira fase da Copa do Brasil e de um início claudicante no Paulistão. Foi a hora de ele mesmo praticar o que vinha sendo implementado no clube.

“O futsal é especialista no treinamento de pouco espaço”, lembra PC, apontando a aceleração da “tomada de decisão” pelos jogadores como seu principal foco como técnico de futebol. “O que trabalhamos é que isso seja feito sem que eles dependam tanto do sistema e do treinador”, acrescentou, preocupado para que os atletas consigam “resolver os problemas no tempo mais rápido possível” e apontando a “perda da essência do talento” como um defeito do futebol brasileiro.

As diferenças entre o futsal e o futebol também impõem desafios a PC. E, indo para o quarto jogo à frente da Ferroviária, ele aponta o principal. “O futebol tem só três substituições. Então você não pode errar nem na troca e nem na escalação”, comentou, aprovando a ideia adotada pela Federação Paulista de Futebol na última edição da Copa São Paulo, quando era possível realizar seis trocas, desde que paralisando o jogo apenas três vezes.

O treinador também admite que a dificuldade para se comunicar e orientar os jogadores durante as partidas ainda o incomoda. Mas aponta que a experiência de trabalhar com um grupo grande de jogadores – a Ferroviária conta com 29 – vai torná-lo um melhor gestor de pessoas quando estiver de volta ao futsal. “Você precisa lidar com um elenco numeroso, tratar todos de modo igual, sendo justo. É mais difícil você mantê-los motivados”, comentou.

A experiência de técnico de futebol, aliás, tem data para terminar: o encerramento da participação da Ferroviária no Paulistão. Até lá, PC mira alto, mesmo com o time na lanterna da sua chave e na zona de descenso – com ele, a equipe surpreendeu o Santos na Vila Belmiro, empatou com o Santo André em casa e foi goleado pelo Palmeiras fora de casa. “Com seis jogos por fazer, a meta é classificar às quartas de final e conseguir a vaga na Série D”, avisou.

Depois disso, reassumirá efetivamente a seleção de futsal, com a missão de reconstruí-la após o fracasso no Mundial de 2016, com a eliminação nas oitavas de final. O treinador não esconde sua preocupação com a situação precária da Confederação Brasileira de Futsal, o que incluiu a penhora da sede e do seu CT em Fortaleza, fruto do descalabro na gestão da entidade.

“Precisamos reconstruir a estrutura do futsal brasileiro”, avisou PC, motivado para a nova tarefa na seleção, que poderá ter uma das arenas dos Jogos do Rio como sua nova casa. Antes, porém, o vitorioso treinador do futsal quer causar impacto no futebol e na Ferroviária.

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