Curitiba também se pintou de verde e amarelo para comemorar a conquista da Copa do Mundo de 1958. O inédito título mundial, que completa hoje 50 anos, provocou frenesi na então pacata e bem-comportada capital paranaense.
Após a espetacular vitória por 5 x 2 sobre a Suécia, naquele final de manhã de domingo (horário do Brasil), as celebrações em Curitiba foram concentradas na Avenida João Pessoa (atual Avenida Luiz Xavier, na Boca Maldita). A multidão que acompanhou a partida pelo radinho gritava repetidamente os nomes dos campeões, em especial Vavá e o menino Pelé. Em vários outros pontos da cidade houve manifestações pela conquista perseguida havia 28 anos.
O governador Moyses Lupion decretou ponto facultativo e emitiu comunicado felicitando os campeões: ?A grande vitoria de hoje foi o resultado de um período incansável de lutas e trabalho conjugado para este importante epílogo?, disse o governador.
A Tribuna do Paraná, então com menos de dois anos de vida, celebrou a conquista com uma faixa em frente a sua sede, com os dizeres ?Agora a Copa é brasileira?, e um empreendimento arrojado.
O jornal fez edição extra que foi às bancas na tarde de domingo, dia da final. Apenas seis horas depois do apito final, a Tribuna trazia radiofotos com imagens da decisão contra a Suécia, algo espantoso para a época e inédito na imprensa paranaense.
Uma das fotos, que mostrava o capitão Bellini com o chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, e a taça Jules Rimet, foi publicada em primeira mão pela imprensa brasileira. Os leitores souberam da novidade e fizeram fila em frente ao jornal. A edição extra logo esgotou-se e uma nova tiragem foi rodada às pressas.
Na segunda-feira, o jornal mostrava figuras ilustres como o ex-governador Bento Munhoz da Rocha e a Miss Curitiba, Marely Mortensen, vibrando com a primeira grande glória brasileira no futebol mundial.
Técnica, Coragem e Cérebro = Brasil Campeão!
?É um fato sem precedentes na história do ?association?. E por que foi obtido? Porque tivemos organização, ação individual e disciplina; porque possuímos categoria e porque, principalmente, tivemos acentuado espírito de luta e sacrifício.
Essa era uma seleção sem feijão e sem nostalgia, sem discursos e sem patriotadas, sem complexos de inferioridade e sem recalques de sub-raça.
Foi esse ?team? de machos que ganhou a Copa, enterrando para sempre o cadáver do ?scratch tremedeira?.
Ainda hoje, na peleja final, levou um gol, coisa que ainda não lhe acontecera antes de marcar, e fez deste tento o ponto de partida para afirmação total, maiúscula e vibrante de sua enorme capacidade.?
Trecho de texto sem assinatura publicado na Tribuna do Paraná em 30 de junho de 1958, sobre a conquista da Copa do Mundo na véspera.