Confiança, a arma de Márcio Araújo no Coxa

Ele está confiante. Márcio Araújo assumiu oficialmente o cargo de treinador do Coritiba acreditando que o time não vai sofrer com o rebaixamento – mesmo com sete derrotas consecutivas.

Na véspera da partida contra o Flamengo, marcada para as 20h30 de amanhã, no Luso-Brasileiro, o técnico alviverde quer trabalhar a cabeça dos jogadores, para que eles apresentem o poder de reação do jogo de sexta com o Internacional nas últimas oito rodadas do campeonato brasileiro.

Márcio assistiu ao jogo de sexta nos camarotes do Beira-Rio, deixando o comando para Cláudio Marques. E ele gostou do que viu, a começar dos seus companheiros de comissão técnica. "O Cláudio foi muito inteligente na escalação do time, o que faz a gente entender porque a equipe atuou bem. E na preparação física temos um dos melhores profissionais do país, que é o Róbson Gomes. O Coritiba sobrou no segundo tempo", elogia o treinador, que acertou contrato inicialmente até o final do ano.

Nos jogadores, ele viu qualidade e força para superar o mau momento. "Na hora em que você sente as dificuldades, precisa criar a resistência necessária para enfrentá-las. E o grupo provou isso ao sair de uma diferença de dois gols para buscar o empate e ter o jogo na mão", comenta Márcio Araújo. "E se você enfrenta uma equipe como o Inter, que é vice-líder do brasileiro, na sua casa, e consegue encará-la de igual para igual, é porque tem recursos técnicos suficientes para passar pelos obstáculos".

O treinador coxa sabe que, mesmo com virtudes, o time ainda é irregular – e mostrou isso na sexta. Por isso, uma das armas do momento é a conversa, que deve acontecer antes do treino de hoje, nas Laranjeiras – a delegação deixou Porto Alegre na tarde de ontem. "Quero mostrar para eles que há de onde tirar a capacidade de recuperação. Eu acredito neles, e tive a comprovação disso no jogo com o Inter", afirma.

Mas ele sabe que nem só de discurso sobreviverá o Coritiba. "Temos que trabalhar, claro. Não vamos ficar só no papo. Mas vamos trabalhar certo", resume o técnico, que explica como será sua filosofia no Alto da Glória. "Nós temos que usar de simplicidade neste momento. Às vezes, o mais difícil é fazer as coisas da forma mais simples. Se você tem a qualidade para criar situações, você acaba mudando e esquecendo do que é mais importante, que é ter uma equipe equilibrada", diz Márcio Araújo.

Isto significa que o Cori do novo técnico terá os jogadores em suas posições "de origem". Perguntado sobre o capitão Reginaldo Nascimento, Márcio lembrou de sua primeira passagem no comando da equipe. "Comigo, ele foi primeiro volante. E quero ele para formar um meio-campo de qualidade", afirma o treinador, que nem pensa na degola. "O Coritiba não está na zona de rebaixamento e não vai entrar nela. Agora, nosso negócio é fazer o time voltar a subir", finaliza.

Três desfalques para o jogo de amanhã, no Rio

Márcio Araújo terá três desfalques na sua estréia no comando técnico do Coritiba. O treinador perdeu o meia Rodrigo Batata (que atuou na ala contra o Internacional), suspenso, o lateral James e o zagueiro Allan, com problemas médicos. Os três voltaram para Curitiba, enquanto Reginaldo Nascimento, Luís Carlos Capixaba e Flávio foram encontrar a delegação no Rio de Janeiro.

James, que teve uma crise convulsiva no quarto que dividia com Vágner, passou a noite no hospital Mãe de Deus e teve alta por volta das 10h de ontem. Segundo o médico William Yousef, o lateral está bem.

Outro que preocupa é Allan, que jogou boa parte do confronto com o Colorado gaúcho com uma fratura de malar – ele levou um soco numa disputa de bola. "Ele passou por uma tomografia que não apontou nenhuma lesão interna", afirma William Yousef, que encaminhará o zagueiro ao mesmo especialista que operou Reginaldo Nascimento ano passado, mas a tendência é que não seja necessária intervenção. "Pelo que vimos nos exames, não há nenhum desvio grave", completa o médico alviverde. (CT)

Entre os jogadores, o clima é de muita preocupação

Que situação, hein? O Coritiba passa por um momento delicadíssimo, batendo recorde de derrotas sucessivas, e patinando no campeonato brasileiro. Os jogadores sabem da necessidade urgente de resultados, até porque todos estão preocupados com a fase alviverde, cada vez mais perto da zona de rebaixamento. E a forma como o elenco está encarando esta má fase pode se ver nos depoimentos abaixo. Todas são respostas para a mesma pergunta: você está preocupado com a situação do Coxa?

Reginaldo Nascimento – "O momento é preocupante. Eu sou um sujeito otimista ao extremo, mas também sou realista. Eu não queria sair do Coritiba com essa marca, de ter deixado o time cair para a segunda divisão. A gente tem que buscar uma forma de sair desta situação. E só unidos vamos passar dessa."

Caio – "É uma situação que preocupa não só a gente, mas principalmente a torcida. Acho que estamos passando por dificuldades, mas tenho certeza que vamos vencer o Flamengo e recuperar o time."

Anderson – "A situação preocupa a gente. Perdemos uma partida nesta semana, a do Cruzeiro, na qual nós não jogamos. Mas não podemos ficar remoendo o passado, senão o próximo adversário vem e nos nocauteia. Temos que estar preparados para conseguir vencer."

Humberto – "Preocupa a todos. É difícil até ter uma noite de sono. Você deita e não consegue pregar o olho, fica sem fome, sem vontade de almoçar. É ruim para a diretoria, para os torcedores, mas nós, jogadores, vivemos momentos terríveis."

Douglas – "Vocês (jornalistas) conhecem a gente pelo nosso semblante, percebem como a gente está sentindo esta situação. Eu chego em casa e sofro cobranças, sai jantar em um restaurante e é cobrado. Não tem como não sentir as derrotas, mas temos que ser grandes para recuperar rapidamente."

Allan – "Apesar do grupo estar sabendo que esta é uma situação constrangedora, eu sofro muito porque tenho raízes no clube. É duro, no meu caso, chegar em casa e receber telefonemas de irmão, de irmã, todos cobrando uma mudança. A preocupação é grande. Estamos conversando para tentar buscar uma forma de sair deste mau momento. É hora de mostrar quem é homem, de dar a cara à tapa. Temos que deixar o lado profissional, e sermos como amadores, doando tudo que temos pelo Coritiba. Deus me livre de acontecer um fato lamentável de a gente cair para a Série B." (CT)

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