Depois de serem a principal reclamação na ponta da língua de atletas brasileiros e estrangeiros da canoagem, as algas da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, estão na mira do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos 2016. A ideia é chegar a alternativas que impeçam a repetição das cenas vistas neste fim de semana – caiaques e canoas quase virando e montes de algas sendo carregadas pelos competidores.

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“Tivemos um inverno atípico, que parecia verão. Temperaturas de 30°C que fizeram com que as algas crescessem em uma época que não crescem. Isso nos alertou para que nos Jogos não aconteça”, disse Sebastián Cuattrin, gerente da modalidade no Comitê Rio 2016. “Existem alternativas sendo pensadas, planos sendo implementados, temos de aguardar o processo”, acrescentou.

Diversos atletas reclamaram das algas, que podem fazer a diferença no resultado em uma competição acirrada como a Olimpíada. Barcos da organização operavam nos intervalos para remover excessos, mas o trabalho manual não foi suficiente. “Quase virei o barco. Travei (o remo) e tirei um chumaço”, contou Fernando Fernandes, um dos expoentes brasileiros na paracanoagem.

Neste domingo, dia marcado por finais, a situação parece ter sido amenizada. “Hoje não notei muito, mas ontem estava demais. Hoje cruzei os dedos para que nada acontecesse, e nada aconteceu”, afirmou o dinamarquês René Holten Poulsen, campeão na modalidade 1.000m caiaque duplo masculino. Segundo ele, a delegação de seu país vai preparar uma lista com sugestões e enviá-la à organização dos Jogos Olímpicos de 2016. “A razão de eu estar aqui é assegurar que o próximo evento seja perfeito”, disse.

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Para Cuattrin, o evento-teste mostrou que, à exceção do problema com as algas, a organização da canoagem está no caminho certo. “Esses dias foram fantásticos”, resumiu. “Conseguimos testar os equipamentos, a tecnologia, o gerenciamento da competição e das instalações, o doping e o sistema de resultados.” Em termos de infraestrutura, o dirigente afirmou que as instalações utilizadas neste fim de semana ainda não são as definitivas. “Teremos um serviço bem melhor”, disse.

Sobre a qualidade da água, Cuattrin afirmou que há monitoramento constante pelos órgãos oficiais. Mesmo assim, Poulsen preferiu não arriscar e quebrou um ritual costumeiro. “Nós sempre bebemos a água da pista, mas não bebi dessa vez, pois certamente ficaria doente”, contou.

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POLÊMICA – O boicote realizado por atletas brasileiros na sexta-feira não tirou o brilho do evento-teste da canoagem, disse Cuattrin. Três atletas, entre eles Isaquias Queiroz, principal esperança da canoagem brasileira para a Olimpíada, decidiram não competir em protesto ao não recebimento de salários. “Não tirou o brilho da competição, mas tirou o brilho deles, pois tenho certeza de que ganhariam muitas medalhas”, afirmou o gerente da modalidade.