São Paulo – O doping será uma das marcas das Olimpíadas de Pequim. Ao mesmo tempo em que 10.500 atletas estarão competindo por medalhas, outra disputa estará em curso na China. Uma batalha de alta tecnologia entre os que apostam em drogas e meios ilegais para ganhar mais força, resistência ou concentração e uma mega-estrutura montada para zelar pela lisura dos Jogos.
Geralmente acusados de violar as regras esportivas, devido a uma suposta “vista grossa” em relação a seus atletas, os chineses estão investindo alto para mudar essa imagem. Somente nos 45 aparelhos eletrônicos responsáveis pelos exames que serão feitos durante o evento, a Agência Anti-Doping da China gastou 6 milhões de dólares (R$ 9,6 milhões).
Trabalho para as máquinas não faltará. Durante os 16 dias de jogos, serão analisadas cerca de 4.500 amostras colhidas junto aos competidores – 25% a mais do que nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Geralmente urina, mas em alguns casos também sangue, que passarão pelos processos de cromatografia líquida, cromatografia gasosa e espectrometria de massas.
Os nomes complicados identificam técnicas capazes de identificar traços de qualquer uma das milhares de substâncias e derivados proibidos pela Agência Mundial Anti-Doping (Wada, na sigla em inglês). “A tecnologia permite trabalhar com uma margem de erro muito próxima do zero. Qualquer substância proibida pode ser identificada, inclusive em quantidades menores do que as permitidas”, diz Reinaldo Castanheira, diretor de operações da Agilent Technologies, empresa americana que forneceu os equipamentos aos chineses.
Com o cerco tão fechado, os primeiros escândalos começaram a aparecer antes mesmo do início dos jogos. Na última semana, por exemplo, toda a equipe de halterofilismo da Bulgária, formada por 11 atletas, foi banida das Olimpíadas por uso de anabolizantes.
O Comitê Olímpico Internacional já prevê pelo menos 40 casos positivos em Pequim, bem mais que os 26 registrados em Atenas.
