Não é apenas o cidadão brasileiro que não sabe exatamente quanto custou os Jogos Olímpicos do Rio e como o dinheiro foi gasto. Neste domingo, em Lausanne, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu adiar qualquer consideração sobre o rombo deixado pelo evento, uma mediação com fornecedores e até um possível resgate diante da falta de informações da parte dos organizadores. Por enquanto, a máxima etindade olímpica não garante nem um novo pagamento nem ajuda extra para fechar o buraco milionário gerado pelos Jogos.

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O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, esteve em Lausanne para debater com a cúpula do COI uma solução para o déficit. Ao fim de 2016, os documentos oficiais do Comitê Rio-2016 indicaram que o déficit era de R$ 132 milhões. Mario Andrada, diretor de Comunicações dos Jogos, indicou no mês passado que o valor já foi reduzido para R$ 114 milhões. Os organizadores, segundo ele, conseguiram “dinheiro extra do COI”, além de descontos com fornecedores.

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No total, cerca de US$ 300 mil extras foram entregues pela entidade em Lausanne, além dos valores já combinados. O problema é que, para fechar a conta, um volume de mais de R$ 100 milhões ainda teria de vir dos cofres públicos. Mas a Prefeitura do Rio não dá qualquer sinal de que esteja inclinada a pagar o que o Comitê Rio-2016 diz que ela prometeu.

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A esperança era de que parte da solução viesse do COI. Mas a entidade tem se mostrado hesitante diante do que chama de “falta de informação” por parte dos organizadores brasileiros sobre a real situação financeira. Num comunicado, o Conselho Executivo do COI afirmou neste domingo que se reuniu com Nuzman para tratar do “status do processo de dissolução” do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016.

Com dívidas e questionamentos, o organismo terá de pagar seus fornecedores antes de fechar as portas. Mas a entidade internacional esperava ouvir dos brasileiros detalhes sobre pagamentos e garantias do Estado, antes de tomar uma decisão sobre como proceder com o rombo nas contas.

FRUSTRAÇÃO – Mas os dirigentes foram frustrados uma vez mais pela falta de dados que os brasileiros deveriam ter apresentado. Assim, sem informações, o COI deixou claro que, neste momento, não abrirá a torneira para bancar o déficit do Rio. “Dado que mais informações são necessárias antes de que a contabilidade financeira do Rio-2016 seja encerrada, o Conselho Executivo deferiu nesta etapa qualquer nova consideração”, indicou o COI.

Além disso, a cúpula da entidade indicou que “fechou todas suas obrigações com o comitê organizador” já em dezembro de 2016 e que a contribuição chegou a um valor “recorde” de US$ 1,53 bilhão. “Isso foi feito além do esforço para reduzir custos e dar contribuições financeiras adicionais por parte dos acionistas do movimento Olímpico”, completou.

Na semana passada, o COI já tinha criticado abertamente os organizadores brasileiros por falta de informação confiável sobre situação das contas do Rio-2016. Pela primeira vez em décadas, uma Olimpíada registrou um déficit e, para os organizadores locais, a responsabilidade por cobrir os problemas financeiros é da prefeitura carioca.

“O COI continua preparado para oferecer sua ajuda e expertise”, disse o COI, por meio de um comunicado enviado à reportagem do Estado. “Mas, para fazer isso, precisamos de informação confiável e que possamos entender daqueles no comando, algo que lamentavelmente até o presente momento não temos”, criticou a entidade.

O COI não explicou se a crítica era direcionada ao Comitê Rio-2016, à prefeitura, ao governo federal ou a todos. “Uma vez que tenhamos recebido um cenário claro, então poderemos trabalhar sobre como melhor oferecer nossa ajuda para ir adiante”, completou a entidade.