Comerciantes têm liminar contra proibição de venda de cerveja nos estádios

O torcedor paranaense se prepara para tomar a ?saideira? em estádios de futebol. Oficialmente, a venda de bebidas alcoólicas em jogos do Brasileiro das Séries A e B e da Copa do Brasil está proibida a partir de hoje. Mas os comerciantes se mobilizam para reverter a situação e já conseguiram a primeira vitória na Justiça.

A empresa Futebol Total, que explora os bares do Couto Pereira, obteve liminar na 22.ª Vara Cível de Curitiba que autoriza a venda de bebida no jogo contra o Palmeiras, amanhã. ?Os advogados já nos orientaram a gelar a cerveja?, comemora o gerente da empresa, Gélson Antônio da Cruz. Segundo ele, as cerca de 500 pessoas que trabalham nos jogos de maior público no Couto estavam apreensivas, temendo perder o emprego. ?A cerveja representa 60% do faturamento. E ela não é proibida no Brasil?, protesta.

A proibição foi decidida pela CBF, em conjunto com o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG), com objetivo de reduzir a violência nos estádios. O presidente do CNPG, Marfan Martins Vieira, quer estender a medida para as cercanias dos estádios, por meio de lei federal. Norma semelhante já foi adotada em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

Ontem, no jogo entre Paraná e Avaí, na Vila Capanema, a venda de bebidas ainda estava liberada. Mas a distribuidora de bebidas Tissot, que explora os 13 bares do local, teme os prejuízos que virão pela frente. ?A cerveja corresponde de 70% a 75% das vendas. Pelo menos sete bares teriam que fechar com a medida?, diz o gerente comercial da empresa, Arion Moroz França. Segundo ele, as lanchonetes empregam 130 pessoas por jogo. Metade desse contingente seria dispensado.

?Vendemos de 1 a 1,5 cerveja em média por torcedor. O preço já é caro e nem todos bebem. Não é proibindo o consumo que se soluciona o problema da violência?, defende o representante.

Na próxima 4.ª-feira, os 36 proprietários de lanchonetes da Baixada decidem se tomam medida judicial. De qualquer forma, lojistas da Vila e da Arena podem se beneficiar indiretamente com a liminar conseguida pelos comerciantes do Couto. O procurador Ciro Expedito Scheraiber, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Paraná, também é simpático ao veto, mas pretende ampliar a discussão antes de tomar decisões. ?Evitaremos medidas unilaterais. Vamos promover amplo debate com os meios esportivos?, disse o procurador. Embora a medida tenha a chancela do CNPG, o procurador contesta a competência da CBF. ?Os clubes são entidades privadas. Entendo que a CBF poderia apenas recomendar uma proibição como essa, que só poderia ser determinada por força de lei?, afirma. A resolução da CBF prevê sanções administrativas ao clube infrator, previstas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

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