Começa o show

Berlim – Por um mês, a partir de hoje, o mundo vai ser diferente. Terá mais alegria, tristeza, orgulho, raiva, decepção, entusiasmo, sorriso dos vencedores e choro dos vencidos, entre outras emoções. Será o mês da mais esperada competição do futebol (e provavelmente de todos os esportes) do planeta, a Copa do Mundo. Quando o árbitro argentino Horacio Elizondo determinar, às 13h de Brasília, (18h locais), o início do jogo entre Alemanha e Costa Rica, milhões de pessoas, espalhadas pelos cinco continentes estarão com os olhos, o coração e a alma voltados para a Allianz Arena, o belíssimo e moderno estádio de Munique que consumiu 285,9 milhões de euros na sua construção – valor que sobe para 340 milhões se somados os custos das dependências externas.

É só o começo de uma festa que termina em 9 de julho, em Berlim, e na qual a seleção brasileira pretende confirmar sua hegemonia no futebol mundial, forjada com cinco títulos nas 17 edições anteriores – dois deles nas três últimas. Tem ótima equipe, jogadores de primeiríssimo nível, como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Kaká e, goste-se ou não, é favorita.

O caminho, porém, tem muitas pedras. Uma delas é a Alemanha, que não tem bom time, anda meio combalida, mas joga com apoio da torcida e, além disso, tem tradição.

A Argentina e seus habilidosos – embora – desunidos, jogadores, jamais pode ser desprezada. Nem a Itália, embora chegue à Copa abalada por mais um escândalo de manipulação de resultados no futebol interno, que inclusive fez Massimo Santis, juiz escalado para representar os italianos na Copa, receber cartão vermelho e ficar em casa.

Inglaterra e França também estão cotadas em um Mundial com vários candidatos, entre eles uma Holanda renovada e que sonha em mostrar que também sabe ser campeã.

E até mesmo emergentes como Portugal de Felipão também têm o direito de almejar ir longe.

Na Copa em que a Fifa ordenou aos juízes que sejam intolerantes com a violência e privilegiem o talento (resta saber se cumprirão a ordem), qual jogador vai brilhar mais? Ronaldinho, melhor do mundo nos dois últimos anos e que tem o talento decantado a cada fim de semana? Ou Kaká? Ou novamente Ronaldo?

A Argentina tem Riquelme e Messi; a Inglaterra, Beckham e o baleado Rooney; Ballack é a estrela solitária de talento da Alemanha. São alguns candidatos, mas não será de todo surpresa se algum jogador africano, por exemplo, se destacar.

O 18.º Mundial da história terá duração de exatos 30 dias, com 64 jogos por 12 estádios (e cidades) da Alemanha, a maioria deles reformados e outros – como o Allianz Arena -construídos especialmente para a competição. Serão dias de muita emoção, mas também de muita preocupação.

O temor é com o vandalismo dos hooligans e possíveis atentados terroristas, o que levou os organizadores a montar um forte aparato de segurança. Vale tudo para manter a paz, a alegria na maior festa do futebol mundial.

Segurança é uma preocupação

Berlim – O medo, desta vez, não é só da ação dos hooligans. A ameaça de atentados terroristas durante a Copa do Mundo também preocupa, e muito, os alemães. A conseqüência é que foi montado um forte esquema de segurança. Os especialistas garantem que todos os detalhes foram pensados, para assegurar a paz.

O esquema é grandioso. Envolve policiais uniformizados, à paisana, segurança particular e até soldados alemães (7 mil), que são responsáveis pela vigilância aérea e entrarão em ação em caso de ataques em quartéis – a Constituição alemã impede o Exército de participar de ações de polícia contra civis. Trabalhando diretamente na segurança durante o Mundial estarão 250 mil policiais, além de 320 representantes de grupos de elites de 13 países europeus.

Até a Otan entrou no jogo, colocando à disposição 24 aviões de reconhecimento para proteger os estádios e vigiar o espaço aéreo alemão. Especialistas em armas químicas, biológicas e atômicas estão de prontidão. Também foi restabelecido o controle de fronteiras e proibidas manifestações que grupos neonazistas pretendiam realizar nas cidades de Gelsenkirchen e Frankfurt.

Com tamanho aparato, o ministro do Interior alemão, Wolfgang Schaübe, garante que a paz prevalecerá na Copa, apesar da promessa pública de hooligans, alemães e poloneses, de agirem nestes próximos 30 dias. ?Estamos realmente bem preparados, as pessoas se sentirão seguras?, garante Schaübe, embora admita ser impossível oferecer 100% de segurança, principalmente em eventos da magnitude de um Mundial.

Mas há os menos otimistas -ou talvez mais realistas. Jens Viering, subchefe de polícia em Gelsenkirchen, cidade que receberá a partida entre Polônia e Equador, prevê um dia complicado por conta da presença dos torcedores poloneses. ?Estou certo de que haverá problemas?, admitiu.

A preocupação dos alemães não é só com os civis. Apesar de o governo dizer que não há indícios de ataques terroristas, reconhece que esse risco existe e não é pequeno. A preocupação é com a presença das seleções dos Estados Unidos e do Irã. Principalmente com os asiáticos e depois que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad decidiu manter o programa nuclear, além de pedir a extinção do Estado de Israel e declarar ter dúvidas se o Holocausto realmente aconteceu. O presidente iraniano não estará hoje no Allianz Arena, mas o vice, Mohamad Aliabadi, vai e também já avisou que assistirá, no domingo, à partida entre Irã e México.

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