Rivalidade à flor da pele. Seja nas provocações dos técnicos, na empolgação das torcidas ou no equilíbrio dos números, o Atletiba é inegavelmente a marca do futebol paranaense. O Coritiba de Rodrigo Batata e o Atlético de Aloísio, após quase três meses de competição, chegam à decisão do estadual em rigorosa igualdade de condições. Havendo empate de pontos e gols ao término do segundo clássico – no próximo domingo, no Joaquim Américo – o título será decidido na prorrogação e, se necessário, nos pênaltis.
Pela 12.ª vez na história, o campeonato paranaense será decidido em Atletibas. Se o Coxa tem melhor retrospecto nos confrontos (125×102), o Rubro-Negro obteve vantagem nas finais contra o rival (6×5). O respeito se evidenciou nos últimos dias, quando jogadores foram extremamente comedidos – e orientados a isso por seus técnicos – em todas as declarações. Um contraponto para a postura dos mesmos, que iniciaram a semana num verdadeiro tiroteio.
Após as reclamações de Lopes contra a arbitragem paranaense, Mior sugeriu que o treinador do Coritiba trocasse o choro por uma chupeta. A resposta veio com bom-humor: "o Mior não deve esquecer que pato pequeno não mergulha fundo", numa referência ao fato do comandante do Atlético estar apenas iniciando sua carreira. Um duelo que incendiou as torcidas e que terá novo capítulo escrito hoje à tarde – 15h50 – no Pinheirão.
Tricampeonato, a meta do Coritiba
Cahuê Miranda
Tricampeão. O título que o Coritiba disputa na decisão que começa hoje é algo raro nos 90 anos de disputa do campeonato paranaense. Para o Coxa ele veio pela primeira vez em 1973. O segundo tri alviverde foi conquistado logo na seqüência, o que transformou a série num hexacampeonato.
Além do Cori, apenas o extinto Britânia conseguiu a façanha de conquistar duas vezes um tricampeonato. E também de forma seguida, numa seqüência de seis títulos, de 1918 a 1923. O Paraná Clube, herdeiro do velho Tigre, também comemorou um tricampeonato, que se transformou em penta nos anos seguintes.
Para o Atlético, rival do Coritiba na decisão deste ano, a oportunidade de vencer três campeonatos seguidos se tornou real apenas uma vez, em 2002.
Se por um lado a importância histórica do objetivo que o time coxa-branca busca a partir das 15h50 de hoje, no Pinheirão, serve como uma motivação a mais para os jogadores, por outro acarreta uma pressão ainda maior. Porém o desafio parece não intimidar os atletas alviverdes.
"Quanto maior o desafio, para gente é melhor", garante o lateral Rafinha. O atacante Marciano concorda. "Disputar um título é sempre empolgante. Quando é um tricampeonato de uma competição difícil como o campeonato paranaense, empolga ainda mais", destaca o artilheiro do Cori, que também tem como desafio chegar à artilharia máxima do campeonato, tarefa difícil, mas que mexe com o atacante.
Escalado
Ontem o dia foi de treino recreativo no Pinheirão. O técnico Antônio Lopes diz que já definiu a escalação do time, mas a confirmação só sairá mesmo momento antes do jogo desta tarde. Apesar do mistério, apenas uma vaga segue aberta na equipe titular. Os meias Rodrigo Batata e Jackson, além do atacante Negreiros, disputam uma posição. Durante a semana, o treinador experimentou as alternativas, mas deixou no ar qual teria sido a preferida para a partida de hoje.
Caso opte por Negreiros, Antônio Lopes parte para uma estratégia bastante ofensiva, para buscar uma boa vitória na partida de hoje e levar uma vantagem considerável para o jogo de volta, na Baixada.
Atlético atrás, à espera de falhas
Rodrigo Sell
Quem estiver esperando um Atlético mais ousado na partida de hoje deverá ver um time muito mais cauteloso. A escalação é um mistério, mas pelas poucas informações vindas do CT do Caju, o técnico Casemiro Mior deverá investir numa formação mais defensiva para o primeiro Atletiba decisivo do campeonato paranaense. As novidades serão as voltas do zagueiro Baloy, do meia Fernandinho e do atacante Aloísio.
Durante a semana, o treinador rubro-negro fez algumas alterações radicais e até surpreendentes, como deixar Baloy e Maciel no time de baixo. O zagueiro Marcão chegou a ser testado na ala-esquerda, mas a tendência é que a base que atropelou o Londrina na semifinal seja mantida. Na sexta-feira e ontem, os treinamentos foram com portões fechados e os jogadores foram orientados a não darem pistas de qual será a equipe para pegar o Coritiba.
Se nas falas ninguém se comprometeu, nas atitudes, alguns deles podem dar a entender qual será o Furacão para o primeiro confronto da final. O meia Fabrício saiu de fininho e nem falou com a imprensa. Ele estava disputando vaga com Cocito no meio e seu comportamento dá a entender que ficará no banco. Diferente aconteceu com o alegre Denis Marques, geralmente avesso aos microfones, que conversou com desenvoltura sobre o clássico. Enquanto isso, Maciel manteve sua postura seca nas respostas, deixando a entender que voltará ao banco.
Assim, Mior mantém a mesma postura da partida anterior, mas altera alguns jogadores, apenas por questões técnicas. Devem sair o zagueiro Durval, apesar das boas apresentações, o meia Fabrício, sacrificado para aumentar o poder de marcação na meia-cancha, e o atacante Maciel, este por opção técnica. As demais posições serão as mesmas, mas com algumas variações táticas testadas durante a semana para poderem ser postas em prática ao longo da partida, caso sejam necessárias.
Se há mistério na formação, não há no modo de enfrentar o Coritiba. Que o diga o volante Cocito, que disputará seu 14.º clássico contra o maior rival. "O Atletiba é um jogo diferenciado. Sabemos a rivalidade entre as equipes, o clima na cidade. É um jogo decidido nos detalhes, em lances de bola parada. E em algum desvio de atenção pode ficar difícil de reverter uma situação. Então, temos de estar muito concentrados", analisa o jogador.
CAMPEONATO PARANAENSE
FINAL – 1º JOGO
CORITIBA x ATLÉTICO
CORITIBA: Fernando; Rafinha, Miranda, Reginaldo Nascimento e Ricardinho; Márcio Egídio, Luís Carlos Capixaba, Rodrigo Batata (Jackson) e Marquinhos; Nunes e Marciano. Técnico: Antônio Lopes.
ATLÉTICO: Diego; Baloy, Danilo e Marcão; Etto, Alan Bahia, Fabrício, Fernandinho e Marin; Aloísio e Dênis Marques. Técnico: Casemiro Mior.
SÚMULA
Local: Pinheirão (Curitiba).
Horário: 15h50.
Árbitro: Héber Roberto Lopes.
Assistentes: Ildefonso Trombeta e Gilson Bento Coutinho.