Leão está preocupado com a arbitragem.

Quarenta anos em uma semana. A partir desta noite, Santos e Boca Juniors se enfrentam para definir o campeão da Taça Libertadores da América, principal torneio interclubes do continente. O primeiro jogo acontece às 21h45, no estádio La Bombonera, em Buenos Aires. O jogo da volta será na outra quarta, no Morumbi. O jogo pode representar o retorno definitivo do Santos ao panteão dos grandes campeões.

Para os brasileiros, tudo parece estar correndo a favor. O reencontro com o Boca faz os mais antigos se remeterem a 1963, quando as equipes se enfrentaram na final da Libertadores. Naquela oportunidade, foram duas vitórias brasileiras, no Rio de Janeiro e em Buenos Aires. Naquele Boca jogavam os brasileiros Orlando Peçanha de Carvalho (campeão mundial em 58) e Paulo Valentim, enquanto o Santos tinha a grande formação de sua história, com Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, todos campeões mundiais em 62.

Hoje, a história é diferente. Os argentinos são mais experientes, e contam com a estrela do técnico Carlos Bianchi, campeão da Libertadores com o Vélez Sarsfield (em 94) e o próprio Boca (em cima do Palmeiras, em 2000, e em 2001). Os atacantes Marcelo Delgado e Guillermo Barros Schelotto são patrimônios do clube, assim como o mítico estádio, que “não treme, pulsa como o coração dos torcedores”, como dizem os boquenses.

Do lado do Santos, um grupo que pode conquistar o respeito mundial, credenciando-se inclusive para formar a base da seleção brasileira nos próximos anos. Para muitos, a geração de Diego, Robinho e outros ainda é desconhecida. “Eu ouvi falar muito pouco. Só sei que são bastante jovens”, comenta o ex-jogador Sanfilippo, que marcou os três gols do Boca na final de 63 (3×2 e 2×1 para o Santos).

Dentro de campo, o técnico Emerson Leão tenta evitar que os jovens entrem na ?catimba? dos argentinos. Essa preocupação do treinador atingiu de tal forma o elenco santista que ouvem-se exageros. “Se eu tomar um tapa na cara, tudo bem. Tenho que ficar calmo”, afirma o lateral Léo. Em relação à equipe, Leão não poderá contar com o lesionado Elano – em seu lugar deve jogar Fabiano, herói da classificação nas semifinais.

A cautela brasileira também mudou a viagem da equipe, que chegou apenas no final da tarde de ontem em Buenos Aires, e está hospedada em local não conhecido. Na hora da partida, não há muito o que fazer – 57 mil fanáticos torcedores estarão lotando La Bombonera, e serão como um furacão, que tentará empurrar sua equipe para a vitória. Contra eles, e contra onze jogadores que serão extensões desse fanatismo, é que o Santos terá que lutar esta noite.

Festa na chegada à Argentina

Sob forte esquema de segurança e apoiado por alguns torcedores,

a delegação santista desembarcou no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, por volta das 18h30 de ontem. Seguindo as recomendações do técnico Emerson Leão, os jogadores tentavam escapar da imprensa.

No hotel, todos estão proibidos de falar com a imprensa para evitar declarações que possam instigar a torcida argentina na hora do jogo. “O Santos, apesar de contar com muitos jovens, é um time maduro. Não tememos nada e a pressão não irá nos intimidar”, garantiu o meia Diego,

um dos mais assediados.

Ao invés das provocações dos torcedores argentinos,

os jogadores foram surpreendidos por uma festa de um pequeno grupo de santistas. Os torcedores cantaram o hino do clube, gritaram os nomes dos jogadores e também aproveitaram para provocar os torcedores do Boca Juniors.

“A recepção foi maravilhosa. Estou muito feliz e temos que retribuir este carinho dentro de campo”, reconheceu o lateral Léo, o mais velho do elenco, com 27 anos. “Fizemos um vôo tranqüilo e brincamos muito no avião.”

O atacante Robinho também se mostrava animado com a recepção calorosa: “Está tudo muito bonito. Eles estão de parabéns”.

Em meio à festa, dez funcionários contratados pelo Santos, além do reforço da polícia local, se esforçavam para proteger os jogadores e a comissão técnica do assédio.

De acordo com informações divulgadas pelo clube,

os quatro mil ingressos reservados aos santistas foram vendidos. Mas na tarde de ontem, apenas um grupo com pouco mais de 140 torcedores havia desembarcado em Buenos Aires.

Libertadores da América
Boca Juniors x Santos

Boca Juniors: Roberto Abbondanzieri; Hugo Ibarra, Rolando Schiavi, Nicolás Burdisso e Clemente Rodríguez; Sebastián Battaglia, Raúl Cascini, Diego Cagna e Carlos Tévez; Guillermo Barros Schelotto e Marcelo Delgado. Técnico: Carlos Bianchi

Santos: Fábio Costa; Reginaldo Araújo, Pereira, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Diego e Fabiano; Ricardo Oliveira e Robinho. Técnico: Emerson Leão.

Súmula
Local: La Bombonera (Buenos Aires, Argentina)
Horário: 21h40
Árbitro: Oscar Julián Ruiz (Col)
Assistentes: José Luiz Arango (Col) e Osvaldo Díaz (Col).

continua após a publicidade

continua após a publicidade