A exemplo da elite, a Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense já começa conturbada. Esvaziado e com discussões sobre uma polêmica limitação de idade, o torneio abre hoje com quatro partidas no interior do Estado.
No arbitral que definiu as regras da competição, realizado em janeiro, a Federação Paranaense de Futebol propôs que só atletas com menos de 23 anos (nascidos depois de 1.º de janeiro de 1984) pudessem disputar a Segundona. Todos os sete clubes presentes aprovaram a determinação.
A razão é simples: manter jovens custa bem menos que contratar veteranos. Ainda mais num torneio deficitário e desacreditado pelas confusões nas edições passadas, que envolveram corrupção na arbitragem ou sucessão de ações na justiça desportiva – tanto que o número de participantes caiu de 15 para 8 do ano passado para cá.
?Não pensamos duas vezes (em aceitar a norma). Assim pudemos montar time com folha salarial de R$ 20 mil?, festejou Luiz Carlos Kehl, presidente do Sport Campo Mourão – time sucessor da Adap na cidade, mas sem relação com o homônimo que disputou alguns estaduais na década de 90.
Mesmo quem já havia trazido ?veteranos?, como o Toledo Colônia Work, apoiou a iniciativa. ?Mandamos embora oito jogadores acima de 23 anos. Mas não tem problema. Somos um clube formador de atletas e colocá-los na vitrine é muito interessante?, disse o presidente do clube, Irno Picinini.
A medida, porém, causou reação do presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Paraná (Sapepar), Nivaldo Carneiro, que a considera contrária até a Constituição Federal. ?Todos são livres para exercer sua profissão, sem restrição máxima de idade?, disse.
O sindicalista e comentarista de TV enviou documento à Federação Paranaense de Futebol pedindo explicações e uma possível alteração no regulamento. ?Se a FPF não tomar providências, analisaremos junto com o advogado que medidas judiciais são cabíveis contra a decisão?, garante Nivaldo.
A federação respondeu que o regulamento foi aprovado pelos clubes e lembrou que regras semelhantes já foram adotadas em outros estados, como na 2.ª Divisão de São Paulo. Mesmo assim, a entidade comprometeu-se a informar o posicionamento do sindicato aos participantes. Como a mudança no regulamento teria que ser aprovada por unanimidade pelos clubes, e o torneio começa já neste domingo, as chances de alteração são nulas. ?O que o sindicato diz não influencia em nada. Todos vão manter a regra?, garante o presidente do Sport Campo Mourão.