Barranquilla, Colômbia – Vai começar tudo de novo. Pouco mais de um ano depois de conquistar a Copa do Mundo da Coréia do Sul e do Japão, a seleção brasileira reinicia seu caminho até a final de mais um mundial, desta vez em busca da sexta estrela em sua camisa, em 2006, na Alemanha.
Assim como aconteceu da última vez, o Brasil estréia nas eliminatórias sul-americanas fora de casa, contra a Colômbia. A partida será às 18 horas de Brasília, no Estádio Roberto Meléndez, em Barranquilla. No outro jogo de hoje, Uruguai e Bolívia jogam às 16h, em Montevidéu.
Em 2000, o resultado de 0 a 0 com a Colômbia, na altitude de Bogotá, foi considerado bom pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. Embora seu colega Carlos Alberto Parreira não admita claramente o mesmo, um empate não está fora dos planos da seleção. É só analisar a escalação do meio-campo do Brasil deste domingo, que prioriza o aspecto defensivo com Gilberto Silva, Emerson e Zé Roberto. Contra o Equador, quarta-feira, em Manaus, a formação pode ser mais ofensiva.
“Nossa idéia é vencer os dois jogos. O time que vai entrar em campo pode ser tão ofensivo quanto qualquer outro”, afirma Parreira.
O treinador confia na qualidade técnica de três jogadores em especial: Alex, Rivaldo e Ronaldo. Dos pés deste trio pode sair uma jogada para decidir a partida.
“Temos uma variedade de jogadores decisivos que não se encontra em nenhuma outra seleção do mundo”, diz Parreira.
“Já mostramos várias vezes que temos a melhor seleção do mundo. Isso tem de prevalecer”, complementa o atacante Ronaldo.
Já que tem os melhores, a seleção não quer se descuidar de outros aspectos importantes, como a preparação física. Ainda mais num grupo heterogêneo, que é formado por jogadores submetidos a calendários diferentes. O fisiologista Moracy Santana, responsável pela musculatura e pelos pulmões dos jogadores, garante que a seleção brasileira vai aprontar uma correria hoje em Barranquilla e, quarta-feira, em Manaus, nos jogos contra Colômbia e Equador. Um detalhe importante o faz pensar assim:
“Desta vez, estamos recebendo jogadores após a pré-temporada e em meio de temporada. O problema se torna mais sério quando eles se apresentam cansados tão logo a temporada acaba, porque precisam de férias para se recuperar, ou nas rodadas finais das próprias temporadas, quando todos já estão saturados e pensando em descansar”.
Valorizando a técnica
Para Moracy, devido ao pouco tempo de treino, a prioridade será a parte técnica, a fim de que o grupo readquira conjunto.
“O tempo é curto e o trabalho tem que ser mais acentuado com bola. A noção de conjunto faz com que o time se desgaste menos porque o jogador não corre errado. E correndo certo o rendimento físico se torna bem melhor.”
Moraci vem conversando com os jogadores para saber se alguém necessita de algum tipo de cuidado.
“Esta conversa individual é importante para traçar os trabalhos de fortalecimento”.
Diante de uma preparação tão cuidadosa, uma superstição não assusta mais como antigamente. A seleção brasileira entrará em campo hoje com seu uniforme azul. O que já foi considerado um mau sinal foi recebido com alegria pelo coordenador-técnico Zagallo – ele mesmo um supersticioso de carteirinha:
“Conquistei minha primeira estrela jogando de azul e vou começar a conquistar a minha quinta com a mesma cor. Não é um bom sinal?” Tomara que seja.
Maturana “esconde” o jogo da Colômbia
Barranquilla
– Nada como um pouco de mistério antes de estréia em Eliminatórias. O técnico Francisco Maturana resolveu seguir à risca o comportamento mais comum, em situações como essa, e “escondeu” o jogo da Colômbia durante a semana. O grupo de convocados que ficaram à sua disposição, na concentração em Barranquilla, chegou a fazer treino secreto, para surpreender os campeões do mundo na noite de hoje.A principal dúvida que Maturana fez questão de cultivar ficou em torno do esquema tático. Ele admitiu, em várias entrevistas, que poderia atuar com cinco jogadores no meio-campo. Na prática, porém, deixou quatro e colocou Aristizábal mais à frente, com Juan Pablo Angel.
“O importante é que tenhamos o controle da partida”, repetiu nos momentos em que foi mais questionado a respeito de sua estratégia. “Não podemos ficar à espera do Brasil, senão há o risco de sermos bombardeados com jogadas de ataque”, admitiu. “Precisamos ser eficientes na marcação, mas rápidos quando tivermos a bola. Não podemos deixar os brasileiros pensar muito”.
O treinador que comandou uma das melhores formações da Colômbia, nos anos 90, confia também na qualidade da defesa. Em sua avaliação, é a melhor da América do Sul na atualidade. Análise compartilhada pelo goleiro Córdoba. “Enfrentaremos alguns dos melhores jogadores do mundo”, admitiu o craque, ao jornal El Tiempo. “Mas também temos zagueiros da qualidade de Ivan Córdoba e Yepes, dois centrais excepcionais”, destacou. “Por isso, não me sinto nem acima nem abaixo dos nossos rivais e fico orgulhoso com nossa possibilidade”.
O atacante reserva Becerra segue linha de raciocínio idêntico ao do goleiro, embora seja mais ufanista. “O Brasil não me preocupa nem um pouco”, advertiu. “Precisamos fazer com que eles sintam que estamos em casa. As pessoas precisam voltar a acreditar em nosso time”.
Confiança não falta também a Aristizábal. O atacante do Cruzeiro tem presença garantida, é um dos pontos de referência da equipe, mas encara o duelo com mais diplomacia. “Enfrentaremos uma excelente equipe, sem dúvida”, lembrou. “Mas no Brasil nos respeitam pelo nosso estilo”.
Eliminatórias 2006
Colômbia x Brasil
Colômbia: Córdoba; Martinez, Ivan Córdoba, Yepes e Bedoya; Vargas, Caballero, Patiño e Hernandez; Aristizábal e Juan Pablo Angel. Técnico: Francisco Maturana.
Brasil: Dida; Cafu, Roque Júnior, Lúcio e Roberto Carlos; Emerson, Gilberto Silva, Zé Roberto e Alex; Ronaldo e Rivaldo. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Súmula
Local: Estádio Roberto Melendez (Barranquilla).
Horário: 18h (horário de Brasília)
Árbitro: Horacio Marcelo Elizondo (ARG).
Auxiliares: Claudio Aníbal Rossi (ARG) e Jorge Horacio Rattalino (ARG)