Rio de Janeiro – Uma informação surpreendente – e preocupante – uniu governos, sociedade civil organizada, grandes multinacionais e organismos internacionais. Segundo uma pesquisa encomendada pela Nike em 2011, a atual geração de crianças (com média de idade de dez anos) será a primeira com expectativa de vida menor que seus pais. A previsão é que eles vivam cinco anos a menos. Reflexo do crescimento econômico que facilita tudo e encaminha para o sedentarismo.
O custo humano é assustador. Na China, apenas 8% das crianças pratica atividade física fora da escola. No Brasil, o índice de sedentarismo infantil aumentou 6% em cinco anos, e a tendência é que em 2030 aumente em 34%. O cálculo feito a pedido da Nike aponta mais de cinco milhões de mortes por conta da inatividade física. Há também o impacto econômico. No Brasil, são R$ 12 bilhões em gastos diretos e indiretos por conta do sedentarismo quase a metade do que se destina ao ensino fundamental.
Partindo dos dados alarmantes, a ONU se manifestou. E apontou o esporte na escola como um mecanismo decisivo para a mudança dessa realidade. “Para as Nações Unidas, o esporte educacional está no topo da nossa agenda por tudo que representa, e também pela luta contra a inatividade física”, explica Jenny Karlsen, assessora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
No Brasil, a Petrobras embarcou na iniciativa (transformada na campanha “Designed to Move”, em português “Desenhado para o Movimento”) e lançou no final do ano passado um prêmio de incentivo ao esporte educacional. “Usamos esse prêmio como um piloto para o plano de investimentos”, conta Rosane Aguiar Figueiredo, diretora da estatal. Na premiação entregue na terça-feira, um projeto de Toledo que auxiliou cadeirantes a praticarem handebol recebeu menção honrosa.
Para os próximos dois anos, serão aplicados R$ 45 milhões em projetos que forem aprovados pela Petrobras. “Nós temos uma série de requisitos que precisam ser avaliados, e por isso ainda não temos um número fechado de iniciativas que iremos apoiar”, diz Rosane Figueiredo. “Precisamos dar força para alternativas saudáveis para nossos adolescentes”, completa Paulo Vieira, diretor do Ministério do Esporte. As inscrições podem ser feitas até 14 de julho pelo site petrobras.com.br/ppec2014. Dia 13 de maio, uma comitiva da estatal estará em Curitiba para dar mais esclarecimentos aos interessados.
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Apesar do clima festivo quando do anúncio da seleção pública de projetos, uma voz dissonante foi ouvida. Homenageado do evento, Jairzinho, o Furacão da Copa de 1970, espera mais das autoridades. “Se o governo não fizer nada, vamos perder muitas crianças. Eu estou lá trabalhando com a garotada e ninguém ajuda. Eu fui assim. Ninguém olhou por mim. Só tive apoio da minha mãe. Você leva projeto para o governo e ele recusa. Não entendo. Mas na hora em que o garoto vence, todo mundo quer tirar foto. Isso é triste”, diz o ex-craque.
* O jornalista viajou a convite da Petrobras.