O relógio mal marcava 9h da manhã e a temperatura já batia os 35°C na praia do Pepê, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na quarta-feira. Apesar do calor escaldante, o movimento à beira-mar era pequeno. O que mais se ouvia eram os toques na bola da dupla Carol Solberg/Maria Elisa e os gritos do técnico Luciano Kioday. O início do ano que marca a corrida para a classificação olímpica é de foco total para a dupla campeã brasileira de vôlei de praia.
Carol e Maria Elisa se juntaram para a Olimpíada do Rio há pouco mais de um ano e meio. “Eu voltei da minha gravidez do Salvador, que está com dois anos, querendo mudar. Chamei um monte de gente. Fiz uma parceria curta com a Agatha e depois fechei com a Juliana (bronze em Londres-2012). Queria muito jogar na defesa”, relata Carol. “Mas eu e o Kioday chegamos à conclusão de que eu teria mais chances jogando no bloqueio de novo. A Maria também estava numa dupla em que não estava com muita perspectiva… Então, decidimos tentar.”
A tentativa deu muito certo. Logo no primeiro ano, a dupla conquistou o título do Circuito Brasileiro. “É muito bom trabalhar com a Carol. Ela tem um astral muito bom e isso minimiza os problemas. Nosso papo é muito direto, facilita muito”, exalta Maria Elisa. “Nossa comunicação é muito fácil. Às vezes ela pensa uma coisa, eu imagino outra, mas a gente chega a uma conclusão rapidamente.”
A dupla não esconde o desejo de ser novamente campeã nacional este ano, mas o foco mesmo está em 2020, com a disputa dos Jogos de Tóquio. Carol tenta chegar a uma Olimpíada pela primeira vez; Maria Elisa quer voltar após oito anos. Em 2012, ela esteve em Londres.
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) já divulgou os critérios que definirão os representantes do Brasil em Tóquio. Serão considerados para o ranking da CBV as pontuações obtidas nas etapas quatro e cinco estrelas do Circuito Mundial, além do desempenho no Campeonato Mundial, no meio do ano, na Alemanha.
Com isso, o planejamento de Carol e Maria Elisa passa por bons resultados nessas competições, o que deve tirá-las da disputa dos Jogos Pan-Americanos de Lima. O evento será entre 26 de julho e 11 de agosto, quando acontecerão etapas do Circuito Mundial em Tóquio e Viena.
“Tenho muita vontade de jogar o Pan. Trazer um ouro para o Brasil é um dos meus sonhos”, diz Maria Elisa. “É uma grande preparação para a Olimpíada, mas não facilitam a nossa vida para isso. A sede do Pan não tem muito interesse que o Brasil seja representado pelo vôlei de praia porque sabe que a nossa chance de ganhar é grande.”
Enquanto não fecham o calendário para o ano, Carol e Maria Elisa continuam treinando firme. A dupla pode ser vista até cinco vezes por semana nas areias da Barra. O sol forte não atrapalha.