Com tonturas e visão turva, Bellucci investiga problema físico mais sério

Os problemas psicológicos ficaram no passado, mas os altos e baixos na carreira de Thomaz Bellucci persistem. A derrota de virada para o espanhol Roberto Carballes Baena e a eliminação precoce no Brasil Open, em fevereiro, voltaram a deixar os torcedores desconfiados. A causa da inconstância do tenista, entretanto, deve ter origem física. E é mais séria do que se imaginava.

Em São Paulo, Bellucci alegou dificuldades para manter a intensidade durante toda a partida e reclamou de cãibras e corpo pesado. “Não sei o que acontece, não consigo jogar. Meu nível de jogo cai de cem para zero, qualquer cara que está do outro lado consegue ganhar”, justificou logo após o jogo. O tenista, que também sofreu fisicamente no Rio Open e no Aberto da Austrália, parece ter encontrado uma explicação para sua irregularidade.

O técnico João Zwetsch revelou outros sintomas que têm atrapalhado o seu pupilo nas competições. “O Thomaz está tendo há algum tempo algumas dificuldades que se refletem em tonturas e perda de visão, a visão fica um pouco turva. Isso não o impede de jogar, mas tira ele muitas vezes de uma condição normal. Ele tem que fazer um sacrifício muito grande para permanecer no jogo e tentar jogar”, explica.

Na busca pela origem do seu problema físico, Bellucci passou por médicos de diversas especialidades – endocrinologista, cardiologista e até um bioquímico – e foi submetido a uma sequência de testes. Enquanto a causa não é conhecida, a investigação continua. “O Thomaz fez uma série de exames nas últimas semanas, passou por um bioquímico, um cientista que vasculha o organismo de um pessoa, para tentarmos resolver isso da melhor forma possível”, diz o treinador do tenista número 1 do Brasil.

E a primeira pista já foi encontrada. Alguns resultados apontam que a deficiência do jogador está relacionada a lugares quentes e úmidos. “Sabemos que tem a ver com alta temperatura e umidade, com a questão termorreguladora do meu corpo”, explica Bellucci.

Sem um teste conclusivo até o momento, o canhoto de Tietê continua sem ação. “Por enquanto não há o que fazer, tem ocorrido com mais frequência. Estamos investigando, fiz uma série de exames e estou aguardando os resultados.”

Thomaz admite que os sintomas tornaram-se mais penosos recentemente. “Já sinto isso há um tempo, mas se intensificou do final do ano passado pra cá.”

Às vésperas de mais uma competição, o brasileiro nega estar apreensivo com sua condição física para a estreia no Masters 1.000 de Miami e torce para que a questão não volte a atrapalhar o seu desempenho em quadra neste momento.

Bellucci, cabeça de chave número 30, entra direto na segunda rodada no torneio da Flórida e enfrenta o vencedor do confronto entre o casaque Mikhail Kukushkin, que saiu do qualifying, e o norte-americano Brian Baker. A partida será disputada na sexta ou no sábado, em data e horário a serem definidos pela organização.

MÉDICO REVELA DESIDRATAÇÃO – O problema físico de Bellucci abre discussão para muitas hipóteses. Desidratação, arritmia e síndrome metabólica se encaixam na descrição dos sintomas alegados pelo tenista, explica o médico fisiatra Gilbert Bang, que integra a Confederação Brasileira de Tênis.

“Há alguns anos, o Thomaz se queixava de desidratação rápida. Às vezes pode estar relacionado ao calor. Acho pouco provável que ele tenha algum problema cardíaco, certamente faz um check-up regularmente”, afirma.

Bang explica a gravidade de um problema termorregulador. “Há risco para todo o organismo, não apenas muscular, afeta também o sistema nervoso.”

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