Campeão da temporada 2013 da Fórmula 1, Sebastian Vettel não apenas entrou no seleto grupo dos tetracampeões da categoria neste domingo. O alemão de 26 anos consolidou sua posição entre os grandes pilotos da história, ampliou seus recordes e abriu espaço para novas e cada vez mais recorrentes comparações com o compatriota Michael Schumacher.

continua após a publicidade

 

Ao levantar seu quarto troféu seguido da Fórmula 1, o alemão se tornou o terceiro maior vencedor da história, atrás somente do heptacampeão Schumacher e do argentino Juan Manuel Fangio, dono de cinco títulos. Ele ainda se igualou ao francês Alain Prost, que também venceu quatro vezes. Vettel, contudo, faturou o tetra de forma consecutiva, o que só Fangio e Schumacher conseguiram.

 

continua após a publicidade

 

Se as comparações com Schumacher se tornam inevitáveis, é de se destacar que o piloto da Red Bull conquistou seu quarto título com 26 anos. Foi o campeão, o bicampeão e o tricampeão mais jovem da categoria. Agora é o tetracampeão com menor idade. Já o aposentado heptacampeão mundial levou o quarto troféu da sua carreira quando tinha 32 anos.

continua após a publicidade

 

 

Vettel também pode ser comparado ao compatriota nos números de pole position e vitórias. O jovem alemão se aproximou de Schumacher e até o superou, se levados em consideração o números de GPs disputados por cada piloto. O aproveitamento de Vettel já alcança 29,9% (36 vitórias em 117 corridas), enquanto Schumacher bateu em 29,5% (91 triunfos em 308 provas disputadas).

 

O novo tetracampeão elevou seu aproveitamento na Fórmula 1 graças a mais uma temporada brilhante, em que voltou a mostrar evolução. Cada vez mais concentrado, ele cometeu raros erros, esbanjou precisão e praticamente pôs fim aos rompantes de ansiedade que o levaram a manobras arriscadas e a decisões equivocadas nos campeonatos passados.

 

Neste ano, Vettel fez um campeonato parecido com o de 2012. Teve um início irregular, alternando vitórias e resultados menos consistentes. Mas, a partir da adaptação aos novos pneus da Pirelli e das melhorias realizadas no modelo RB9 da Red Bull, conquistou terreno ao longo da temporada e obteve o domínio quase completo na segunda metade do campeonato.

 

A superioridade de Vettel, resultado de mais uma combinação bem-sucedida do talento do piloto com a potência da Red Bull, chegou a ser contestada por equipes rivais, ao fim do GP da Cingapura. Os adversários levantaram suspeitas sobre alterações supostamente irregulares no seu carro. Christian Horner, chefe de equipe, negou qualquer ação que infringisse o regulamento e o assunto acabou ofuscado por novos triunfos do alemão.

 

A reta final que garantiu o título antecipado foi um reflexo do seu domínio nas pistas. Foram seis vitórias consecutivas, número que ainda pode ser ampliado neste ano – faltam três etapas para o fim da temporada. E Vettel já deu sinais de que está disposto a ampliar sua sequência vitoriosa, tanto em 2013 quanto na história da Fórmula 1.

 

POLÊMICA – O título deste ano, no entanto, trouxe uma pequena mancha para o currículo de Vettel. Foi logo na segunda corrida do ano, na Malásia, no fim de março, que o alemão surpreendeu a todos, incluindo os dirigentes da Red Bull, ao desrespeitar as ordens e fazer uma ultrapassagem sobre o companheiro de equipe, o australiano Mark Webber.

 

Na ocasião, Webber liderava a corrida e Vettel era o segundo colocado, quando a equipe deu ordens para que os pilotos mantivessem suas posições e apenas administrassem a vantagem até o fim da prova para evitar maior desgaste dos pneus. O alemão, porém, ignorou a direção da Red Bull e passou o companheiro, garantindo a vitória.

 

O pedido de desculpas, dias depois, não convenceu muitos fãs da Fórmula 1. O alemão causou atrito dentro da própria equipe e com Webber (que se despede da categoria ao final deste ano), além de levantar desconfiança em parte do público. Mesmo sem querer, acabou estimulando novas comparações com Schumacher, mas desta vez pelo lado negativo.

 

FUTURO – O quarto título, a evolução flagrante nas pistas e as novas marcas de Vettel na Fórmula 1 devem reduzir os questionamentos sobre seu talento. Até pouco tempo, os críticos ainda atribuíam suas conquistas à potência dos carros da Red Bull e ao trabalho do projetista Adrian Newey, que chegou ao incrível número de 10 títulos na categoria (6 troféus no Mundial de Construtores pela Williams, 1 pela McLaren e 4 pela Red Bull).

 

Em 2014, a capacidade do piloto alemão e sua série vitoriosa serão colocadas novamente à prova. A partir do próximo ano, diversas mudanças no regulamento da Fórmula 1 e nos carros podem alterar a distribuição de forças entre as equipes competidoras. As transformações nos monopostos vão exigir grande empenho dos projetistas e rápida adaptação dos pilotos.

 

As dúvidas quanto aos futuros favoritos de 2014 só começarão a ser desfeitas nos primeiros testes da pré-temporada, em fevereiro. Enquanto o próximo Mundial de Fórmula 1 não chega, Vettel comemora seu merecido tetracampeonato e o amplo domínio que vem mostrando nas pistas, que o consolida como um dos grandes da história do esporte.