O técnico atleticano Mário Sérgio está com a razão quando diz que não tem a menor idéia de como o Paraná, adversário de domingo, entrará em campo. Ontem, após dois dias experimentando o esquema tático 3-5-2 com os mesmos jogadores, o técnico Saulo de Freitas resolveu inovar. A começar pela formação tática.
Apesar de reconhecer que não tem as peças ideias para o esquema, o treinador montou o time no 4-4-2. Para ele, essa é, na teoria, a melhor formação. “O meio-de-campo fica seguro e há mais opções de jogadas ofensivas”, diz o treinador. O grande problema, entretanto, é a falta de qualidade flagrante da equipe na saída de bola. “Sem essa característica, não temos como marcar na pressão na frente e sofremos com os contra-ataques”, diz.
Na movimentação de ontem, ele deslocou Wiliam – recuperado das dores no joelho -da ala para a meia-direita e colocou o garoto Erivélton em seu lugar. Éverton, que vinha atuando de atacante, foi recuado para o meio, dando passagem a Cacau. Athos, que vinha treinando na equipe titular e já teve sua documentação regulamentada, foi poupado do treino por estar sentindo dores musculares. Mas hoje ele deve participar do coletivo-apronto. Com as mudanças, o zagueiro Juliano deixou a equipe.
No 3-5-2 – esquema que tem maiores chances de ser utilizado no clássico – Saulo pode adiantar os alas. Nesse caso, Anderson e Wiliam, e proporcionar mais criatividade nas jogadas ofensivas. Contra o esquema de três zagueiros, fica a possível falta de entrosamento, já que a única vez em que o time atuou assim foi contra o Malutrom, na derrota por 1 a 0, na última rodada. E de modo específico, para o meia Wiliam, a necessidade de jogar improvisado. O jogador não nega a preferência pela meia-direita, mas garante estar apto a jogar de ala. “O que vale nesse momento, é mais a garra do que qualquer outra coisa”, diz.
Zagueiros vão pra cima
Se por baixo não dá, a opção para atacar o Atlético poderá ser na jogada aérea. Durante a semana, o técnico Saulo de Freitas tem dedicado parte dos treinamentos para ensaiar jogadas de bola parada, que culminam em cabeceios da zaga. E a ordem está dada. Surgindo a oportunidade de subir ao ataque, os zagueiros estão livres para fazê-lo.
“Não tenho muitos gols na carreira, mas nos últimos anos, muitos jogos têm sido decididos em jogadas de bola parada. Como sou um jogador alto, tenho que me aproveitar disso”, disse Gélson Baresi à Tribuna.
O jovem Fernando Lombardi, que ainda não marcou gol pelo profissional, garante que está se acostumando arriscar eventuais subidas ao ataque. “Para um zagueiro sair, tem que estar livre. Mas nas jogadas de escanteio, existe a orientação de subirmos sempre”, diz.
A sintonia nas declarações dos zagueiros vão de encontro ao entrosamento encontrado pelos dois na zaga tircolor. Se a torcida tem reclamado da inoperância do ataque, que não marcou um gol sequer até agora, não tem o que reclamar da defesa. O Paraná tem a segunda defesa menos vazada do campeonato, com apenas três gols sofridos – a melhor defesa é a do Atlético, que levou dois gols.
“Eu e o Baresi estamos bem entrosados. Nem sempre isso acontece de cara. Além de características complementares, ele conversa bastante e comunicação é fundamental para uma defesa bem entrosada”, diz Lombardi.
O experiente Baresi acredita que a zaga está bastante equilibrada e mesmo jogando no 3-5-2 – ele faz as vezes de líbero – o entrosamento está bom. “Na zaga, se cada um tem uma característica pré-determinada, não tem mistério. Eu joguei na sobra na Europa e não vejo problemas”, diz.
Sobre o 3-5-2 adotado por Saulo contra o Malutrom e possível esquema do clássico, Baresi acredita que os ajustes ainda têm que acontecer nas alas e no meio. “O grande problema do Paraná é não criar oportunidades. A partir do momento em que isso funiconar, o time desencanta”.