Assim como aconteceu na Olimpíada, a canoagem é uma das esperanças de medalha para o Brasil nos Jogos Paralímpicos, que começarão na próxima quarta-feira, no Rio. A maior expectativa recai sobre Luis Carlos Cardoso, de 31 anos, eleito melhor atleta paralímpico do País no ano passado e que disputará no caiaque a sua primeira Paralimpíada.
Luis Carlos é um dos muitos exemplos de quem encontrou no esporte uma maneira de recomeço: apaixonado pela dança, ele atuou em diversas bandas de forró e chegou a integrar o grupo do cantor Frank Aguiar – ex-deputado federal, atual vice-prefeito de São Bernardo do Campo (SP) pelo PMDB, até ficar paraplégico, em 2009. Sem poder movimentar mais as pernas, o dançarino decidiu buscar novas conquistas com os braços.
Naquele ano, Luis Carlos começou a sentir fortes dores pelo corpo. Ele conta que médicos chegaram a dizer que o problema era decorrente da profissão. Em dezembro, no dia em que completou 25 anos, ele sofreu uma paralisia e só conseguia movimentar a cabeça, braços e ombros. Foi descoberto, então, que um parasita se alojara em sua medula, mas aí já era tarde. A carreira na dança deixara de ser uma opção.
Foi no processo de recuperação que Luis Carlos descobriu o esporte. “Eu não praticava canoagem. Comecei por meio da reabilitação e naquele período eu não pensava em ser um atleta de alto rendimento. Só queria ajudar na minha melhora”, contou o canoísta.
A decisão de competir veio aos poucos. Em 2011, ele disputou pela primeira vez o campeonato brasileiro da modalidade e tomou gosto pelas competições esportivas. No ano seguinte, passou a integrar a seleção brasileira. De lá para cá, emendou conquistas pelo continente e mundo afora. Dono de sete medalhas em mundiais, Luis Carlos garantiu presença na Paralimpíada após levar o bronze no caiaque no Mundial de Duisburg, na Alemanha, neste ano.
Sua especialidade é a canoa, mas a modalidade foi retirada do programa paralímpico e, assim, ele vai buscar o pódio no caiaque. “Eu estava preparado para os Jogos pensando em disputar com a canoa, mas infelizmente tiraram no ano passado. Tive que mudar toda a minha técnica para poder disputar com o caiaque, mas consegui evoluir bem rápido”, disse.
Mesmo assim, a sua meta nos Jogos está bem traçada. “Eu quero o ouro”, afirmou, convicto. “Espero fazer história. Assim como o Isaquias Queiroz cravou o nome dele, espero cravar o meu nome também na Lagoa Rodrigo de Freitas”, prosseguiu, em referência ao palco das disputas no Rio-2016.
O canoísta realizou um período de aclimatação na lagoa no mês de julho. Voltou a treinar nesta sexta-feira no local. Ansioso, não vê a hora de entrar na água para buscar a medalha. “Vai ser maravilhoso, ainda mais por ser em casa. Tenho certeza que isso vai somar”.