Disparada a maior campeã da Itália, a Juventus assegurou neste domingo o seu 34º scudetto. Ao empatar por 0 a 0 com a Roma, pela penúltima rodada do Campeonato Italiano, no Estádio Olímpico da capital nacional, não pode ser mais alcançada pelo Napoli e assim coroou o grande domínio que vem estabelecendo nesta década no seu país.
O heptacampeonato é um feito inédito na Itália e raríssimo no primeiro escalão do futebol europeu. Ao longo de toda a história das seis mais importantes e tradicionais ligas domésticas do Velho Continente, apenas um clube ergueu sete troféus nacionais consecutivos: o Lyon, que faturou as edições do Campeonato Francês realizadas entre as temporadas 2001/2002 e 2007/2008, então quando o meia brasileiro Juninho Pernambucano se consagrou como ídolo da equipe.
Ou seja, isso nunca ocorreu na Inglaterra, na Espanha, na Alemanha, em Portugal e na própria Itália, onde somente a chamada “Velha Senhora” fica com a taça de campeã desde a edição 2011/2012 da Série A nacional. O hexacampeonato que ostentava até o jogo deste domingo já é um feito único em solo italiano. Antes de erguer a sua sexta taça seguida em 2017, o clube alvinegro havia repetido, em 2016, um penta consecutivo que apenas o próprio time de Turim conseguiu com cinco títulos entre 1931 e 1935 e depois seria reeditado pelo rival Torino na década de 1940 e pela Inter de Milão entre 2006 e 2010.
E o almejado hepta veio para coroar uma semana mágica para o torcedor da Juventus, pois na última quarta-feira o time faturou o seu quarto troféu seguido da Copa da Itália – e o 13º na história da competição – ao golear o Milan por 4 a 0 na decisão realizada no mesmo Estádio Olímpico que abrigará o clássico deste domingo contra a Roma.
O técnico Massimiliano Allegri, que acumula oito títulos pela Juve desde quando assumiu o comando da equipe, em 2014, não escondia desde aquele confronto a euforia com o grande momento vivido em Turim após anteriormente ter dirigido o rival Milan por quatro anos.
“Estamos escrevendo a história da Juventus e agora devemos festejar este título porque os jogadores fizeram uma partida extraordinária, merecendo a vitória e presenteando com outra grande alegria os torcedores”, disse o comandante logo após a decisão no meio de semana.
Essa última goleada foi apenas mais uma demonstração de força de uma Juventus que não deixou se abalar com uma dura eliminação diante do Real Madrid nas quartas de final da Liga dos Campeões e nem mesmo com a derrota para o Napoli, único time que poderia lhe tirar o hepta, nesta reta final do Campeonato Italiano, então quando a diferença para o concorrente caiu para apenas um ponto na tabela de classificação.
DOMÍNIO COM NOVA ARENA – A supremacia imposta pela Juve a todos os seus principais rivais coincide com o mesmo período no qual o clube passou a contar com o seu próprio estádio. Em setembro de 2011, inaugurou a sua nova arena no mesmo local onde ficava o velho Delle Alpi, onde o time mandava os seus jogos e que também servia de casa para o Torino. Um dos palcos da Copa do Mundo de 1990, o local foi demolido em novembro de 2008, sete meses antes de o hoje chamado Allianz Stadium começar a ser construído em uma obra de 122 milhões de euros (cerca de R$ 516 milhões na cotação atual).
O investimento poderia parecer alto em um primeiro momento, mas a Juventus já faturou muito mais do que esta cifra na esteira dos lucros que a confortável e moderna arena, com capacidade para pouco mais de 41 mil torcedores, ajudou a proporcionar ao clube que se tornou o primeiro proprietário de um estádio na Itália.
Por meio de números oficiais divulgados em seu site, a Juve confirmou que na temporada 2016/2017 teve um faturamento de 562,7 milhões de euros (aproximadamente R$ 2,3 bilhões), sendo que 105 milhões de euros deste montante vieram da venda do francês Paul Pogba ao Manchester United, então a transação mais cara da história do futebol, em agosto de 2016.
Sempre atuando com casa cheia na sua bela arena, que comporta vários restaurantes, um centro comercial, um hotel e ainda um museu do clube, a Juventus multiplicou suas receitas com a chegada de novos patrocinadores. E apenas com a venda dos naming rights para a seguradora alemã Allianz, em acordo assinado em 2017, garantiu 10 milhões de euros anuais em um contrato que vai até 2023.
Com a ajuda do seu novo “caldeirão”, a Juventus alcançou nesta década por duas vezes a final da Liga dos Campeões da Europa, para a qual não avançava à luta pelo título desde 2003, quando foi superado pelo Milan. A equipe de Turim depois caiu diante de Barcelona, em 2015, e Real Madrid, em 2017, nas suas duas últimas decisões continentais, mas voltou a se consolidar como um dos principais clubes do mundo, o que voltou a ficar evidente com a conquista do inédito heptacampeonato e a sua 34ª taça do Campeonato Italiano, quase o dobro do que possuem Milan e Inter de Milão juntos, com 18 títulos cada um.