Neymar não fechou as feridas abertas da Copa do Mundo, mas mostrou que seus pés podem abrir o caminho para a reconstrução da equipe. Com o golaço de falta aos 37 minutos do segundo tempo, garantiu a vitória contra a Colômbia por 1 a 0, em Miami, na primeira partida depois do desastre do Mundial. Reafirmou o que já sabia: o Brasil precisa de uma orquestra porque já tem o maestro.

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Antes de fazer o gol, Neymar já havia sofrido tantas faltas a ponto de conseguir a expulsão de Cuadrado, o mais perigoso da Colômbia. A seleção só jogou bem quando ele apareceu.

Neymar começou a resolver as encrencas do jogo antes de a bola rolar. Ele e Zúniga, vítima e algoz na Copa do Mundo, foram os capitães e apertaram as mãos no cara e coroa. Tudo protocolar, nada especial. Eles voltaram a se encontrar aos 4 minutos, aos 22 e aos 38, quando o colombiano levou cartão amarelo por causa de um agarrão. A sequência de lances jogou no passado a rivalidade.

As faíscas saíram de outros duelos. Valdés caçou Neymar em vários lances e Ramires deu o troco em Cuadrado. Jogo pegado, que atualizou o confronto da Copa e que colocava em dúvida o rótulo de amistoso.

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Com apenas três treinamentos, Dunga ainda não mostrou uma filosofia de jogo. Talvez nem mesmo a tenha. Seu pragmatismo, no entanto, não foi de todo vazio. Funcionou, por exemplo, o planejamento de Dunga de pedir movimentação de Diego Tardelli e Neymar. Os zagueiros colombianos ficavam perdidos, como aos 10 minutos, quando o camisa 10 achou Maicon livre na direita. O lance não deu em nada, mas mostrou o mapa da mina.

Foi o que aconteceu aos 32 minutos, quando Oscar perdeu a melhor chance. Em um contra-ataque quase perfeito, sobraram três brasileiros contra dois. Na finalização, Oscar chutou torto. Usou o pé direito quando deveria ter tentado a canhota. Essa é uma das ideias do novo treinador: fazer com que os meias cheguem à área para finalizar.

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O ataque também ganhou pontos ao voltar para ajudar na marcação. Diego Tardelli voltou para marcar os laterais até a entrada da área brasileira. A defesa, por outro lado, mostrou insegurança em algumas defesas esquisitas de Jefferson e nas saídas atabalhoadas de David Luiz. Também persistiu em algumas jogadas ineficazes da época da Copa, como os lançamentos longos da defesa para o ataque, saltando o meio.

Alguns lances, justiça seja feita, foram méritos colombianos. O técnico argentino José Pekerman conseguiu criar um padrão tático em um time que sempre viveu dos talentos individuais. Havia uma ideia de jogo clara até a expulsão de Cuadrado, aos 3 minutos do segundo tempo.

Quando o melhor jogador colombiano foi expulso pela segunda falta por trás em Neymar, o Brasil fincou a sua bandeira no território do inimigo. Dunga aproveitou bem a troca dos volantes, quando entraram Elias e Fernandinho. Mostrou que queria ganhar o jogo quando escalou Everton Ribeiro e Phillipe Coutinho.

Curiosamente, o Brasil não conseguiu aproveitar os espaços, afunilou seu jogo e caiu na armadilha dos zagueiros colombianos, bons rebatedores. Quase não criou na etapa final. Aí, apareceu Neymar para transformar uma atuação mediana em um risco de esperança no futebol brasileiro.

FICHA TÉCNICA

BRASIL 1 x 0 COLÔMBIA

BRASIL – Jefferson; Maicon, Miranda, David Luiz (Marquinhos) e Filipe Luis; Luiz Gustavo (Fernandinho), Ramires (Elias), Willian (Phillipe Coutinho) e Oscar (Everton Ribeiro); Diego Tardelli (Robinho) e Neymar. Técnico: Dunga.

COLÔMBIA – Ospina; Zúñiga (Mejía), Zapata, Valdés e Armero; Aldo Ramírez (Arías), Sanchéz (Ramos), Cuadrado e James Rodríguez (Falcao García); Gutiérrez (Bacca) e Jackson Martínez (Guarín). Técnico: José Pekerman.

GOL – Neymar, aos 37 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS – Ramires e Luiz Gustavo (Brasil); Gutiérrez, Zúñiga, Valdés e Sánchez (Colômbia).

CARTÃO VERMELHO – Cuadrado (Colômbia).

ÁRBITRO – Dave Gantar (Fifa/Canadá).

RENDA – Não disponível.

PÚBLICO – 73.429 pagantes.

LOCAL – Sun Life Stadium, em Miami (Estados Unidos).