Rodeado por grifes cobiçadas como Gucci, Prada e Louis Vuitton, vizinhos famosos e a duas esquinas do Central Park. É assim que o ex-presidente da CBF José Maria Marin vai cumprir a sua prisão domiciliar em Nova York, após ter negociado a sua extradição para os Estados Unidos.
Sua chegada a Nova York acontece até esta quinta-feira. Antes, seus advogados desembarcarão na cidade, assim como seus aliados mais próximos. Marin deixará Zurique, onde está preso desde maio, acusado de receber propinas para a Copa do Brasil e para a Copa América. Na ocasião, Marin foi preso com mais seis dirigentes na cidade onde acontecia o encontro anual da Fifa.
A previsão é de que o brasileiro pague o equivalente a R$ 40 milhões como garantia e aguarde por seu julgamento em Nova York, no apartamento de quarto e sala que possui desde 1984. Ali, ele pretende montar sua estratégia de defesa. Seus advogados insistem que ele vai se declarar inocente na primeira audiência em uma corte do Brooklyn e insistir que não existem rastros do dinheiro. Se condenado, o ex-dirigente pode pegar até 20 anos de prisão.
Sua chegada aos Estados Unidos se contrasta com a recepção que ele teve em 2013 e 2014, quando era o todo-poderoso presidente da Copa do Mundo. Agora, ele chegará algemado.
VIZINHANÇA – Com vista para a Quinta Avenida, seu imóvel na Trump Tower é avaliado em US$ 2 milhões. Por fora e por dentro, tudo no endereço remete à sofisticação. O prédio de 68 andares é um dos arranha-céus mais icônicos do skyline nova-iorquino. Quem mora no mesmo local é Chuck Blazer, outro ex-dirigente da Fifa e que foi o responsável por delatar os demais. A seus advogados na Suíça, Marin apenas insistia que queria voltar a “dormir na minha cama e tomar um banho na minha ducha”.
Além da parte residencial, a torre espelhada de pisos e paredes de mármore abriga um complexo comercial, com livre acesso ao público e que fica apinhada de turistas mesmo em dias de semana. Do átrio principal é possível avistar de longe uma luxuosa cascata d’água que cai por uma parede de mármore. Lá dentro, turistas e moradores acessam jardins suspensos, além de uma praça arborizada com bambus e uma escultura em forma de maçã criada pelo artista plástico brasileiro Romero Britto.
Questionados sobre a família Marin, os funcionários do local admitem que há muito tempo que ninguém aparece por ali. “Faz tempo que não os vejo por aqui”, afirmou um concierge.
A negociação dos advogados de Marin garantiu que a ida do brasileiro aos Estados Unidos não lhe tire privilégios. Em caso de bom comportamento, Marin poderá ter sua esfera de circulação ampliada. Primeiro, será autorizado a andar pelas ruas. Depois, pela cidade. Mas o dirigente dificilmente voltará um dia ao Brasil se for condenado.