A final do Campeonato Paulista é um duelo entre dois treinadores de estilos opostos. Gilson Kleina, da Ponte Preta, é experiente, irreverente, engraçado e acha que o futebol tem de ser objetivo e transparente. Fábio Carille, do Corinthians, está no primeiro desafio de sua carreira, segue a cartilha de Tite, é sério, quase carrancudo – embora no dia a dia não seja tanto assim – e gosta de estudar padrões táticos quase o tempo todo.

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Aos 49 anos, Gilson Kleina acumula trabalhos em vários clubes, inclusive no Palmeiras, onde foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro, mas acabou se tornando campeão em 2013. Em abril, iniciou a sua segunda passagem pela Ponte Preta com uma apresentação que resume a identificação com o clube e seu jeito irreverente. Cantou a música “Casa”, de Lulu Santos, e recebeu, com bom humor, as comparações com o personagem de desenho animado Fred, dos Flintstones, apelido que recebeu na primeira passagem.

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Enquanto isso, Fábio Carille viveu anos como auxiliar técnico e aprendeu muito com os treinadores que passaram pelo Corinthians, em especial Tite, de quem fala constantemente. Assumiu o clube cercado de desconfiança, após a diretoria correr atrás de vários técnicos – ela garante que tentou apenas o colombiano Reinaldo Rueda. Mas foi, aos poucos, ganhando espaço, respeito e a confiança de torcedores, jogadores e dirigentes alvinegros.

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O perfil de ambos é distinto. Gilson Kleina é “boa praça”, bem humorado e gosta de frases de efeito. No trabalho, usa objetividade e transparência para definir o seu trabalho com “palavras que os jogadores entendem”. Não por acaso, por onde passa, deixa mais amigos que desafetos.

Fábio Carille é mais sério, mas também sabe cativar o elenco com a sua postura focada na justiça e tratamento igualitário entre todos os atletas. “A gente prepara todos da mesma forma, pois amanhã posso precisar daquele jogador que nem ficou no banco no jogo passado e ele terá de estar pronto para a chance da vida dele”, pregou o treinador.

Desde abril, Gilson Kleina reforçou o espírito coletivo da equipe da Ponte Preta e atuou como motivador fora de campo. Diante do Palmeiras, na semifinal, reconheceu que jogou para se defender no estádio Allianz Parque, em São Paulo, com “o regulamento debaixo do braço”.

Na fase de grupos, o técnico utilizou o esquema da moda (4-1-4-1), com um volante entre duas linhas de quatro jogadores e um atacante como referência. Na fase final, deixou duas linhas de quatro bem compactas e dois atacantes na frente (Clayson e William Pottker). Gilson Kleina gosta de marcação agressiva para roubar a bola ainda no campo do adversário. O pulo do gato é a velocidade na passagem da defesa para o ataque. Neste domingo, em casa, conta com o apoio da torcida para encurralar o rival. “No Majestoso, a Ponte é forte”, repetiu.

Fábio Carille também é fã do 4-1-4-1 e prioriza a organização defensiva. Tanto que o Corinthians levou apenas 10 gols no Campeonato Paulista e a defesa é o setor mais elogiado da equipe. Ao contrário de Gilson Kleina, não gosta de armar o time de acordo com o resultado mais propício. Se o empate basta para ele se classificar, vai para o ataque mesmo sabendo que isso pode custar caro ao time.

Contra o São Paulo, na semifinal do Estadual, armou um esquema tático para marcar a saída de bola do rival e forçá-lo ao erro, para tentar fazer mais gols, mesmo tendo vencido o primeiro jogo por 2 a 0.