Em tom ufanista, o Comitê Rio-2016 fez um balanço dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos neste domingo, considerando que os eventos “entrarão para história” e que “nenhuma cidade mudou tanto como o Rio nos 120 anos” de Jogos Olímpicos da era moderna. O comitê manteve o discurso de que tudo isso foi possível “com os Jogos mais econômicos da história”. A organização dos dois eventos consumiu R$ 9,14 bilhões de reais e necessitou de um aporte emergencial de recursos públicos que poderá ultrapassar os R$ 200 milhões.

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Às vésperas da Paralimpíada, o comitê foi à Prefeitura do Rio e ao Palácio do Planalto buscar R$ 250 milhões. O governo municipal liberou até R$ 150 milhões em convênios, enquanto que o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou que empresas estatais poderiam investir até R$ 100 milhões em patrocínios.

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Os valores repassados até o momento ficaram abaixo disso. O Rio-2016 informou que gastou R$ 30 milhões da Prefeitura para custear viagens de atletas da Paralimpíada – a entidade ainda poderá utilizar mais desses recursos -, enquanto que os patrocínios das empresas estatais estão na casa dos R$ 70 milhões.

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Mesmo assim, o comitê não contabiliza os patrocínios estatais como dinheiro público. “Quem entrou no Parque Olímpico viu um cartaz enorme da Petrobras. Ela fez um estande onde estava vendendo seus produtos, sua marca. Nós vendemos esse espaço para a Petrobras, como milhares de empresas privadas fizeram, e algumas empresas estatais fizeram. Nós não achamos que isso é um aporte (de dinheiro público), que isso sai de outras coisas e vai para o comitê”, afirmou o CEO do Rio-2016, Sidney Levy.

“É uma peça de publicidade que as empresas têm. Elas estão lucrando com isso. Nós colocamos na cerimônia de encerramento, para todo o universo de TV, a expressão ‘Be Brasil’, que é o slogan que a Apex está lançando. Qual o valor disso? É um valor enorme. A Apex comprou esse direito e pagou um valor baratíssimo ainda por cima”, continuou o executivo.

Para Levy, os Jogos custaram o que fora prometido. “Em 2009, o Nuzman (Carlos Arthur Nuzman, presidente do Rio-2016) foi a Copenhagen levar a proposta de candidatura do Rio de US$ 2,8 bilhões. A gente fica extremamente feliz de vir aqui dizer que o gasto total será de US$ 2,8 bilhões”, declarou. Nos últimos anos, o comitê vinha tomando por base a cifra de R$ 7,4 bilhões. Convertidos, os US$ 2,8 bilhões chegam ao montante de R$ 9,14 bilhões.

A justificativa da entidade está na variação do câmbio da moeda americana. “Nós nos comprometemos a fazer os Jogos sem nenhum recurso público. Durante essa jornada, nós flutuamos essa realidade orçamentária”, disse Levy. “Não passará de 1% do total do aporte de recursos públicos dentro do comitê”, prometeu.

UFANISMO – Presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman abriu a entrevista coletiva fazendo um discurso enaltecendo os Jogos do Rio-2016. “Podemos dizer de cabeça erguida que temos uma missão cumprida”, declarou. “Há um conjunto de fatores que trouxemos todos esse anos que nos levam a dizer que a missão foi cumprida. Vai deixar um legado ao movimento olímpico e paralímpico imensurável. Nós abrimos as portas para novas regiões do mundo.”

Nuzman afirmou que “certamente são os Jogos mais econômicos de toda a história”, e foi além. “Nos 120 anos (de Jogos Olímpicos da era moderna) tivemos marcos importantes, de cidades que puderam mudar a direção do que poderia ser feito. O Rio aproveitou essa oportunidade e isso nos orgulha muito”, disse.

“O mundo foi contagiado pela paixão dos cariocas e brasileiros”, prosseguiu Nuzman. “Foi a maior transformação de uma cidade nos Jogos Olímpicos. Nesses 120 anos, nenhuma mudou tanto”, insistiu. “Ninguém apaga a história. São imagens, documentos, livros. Essa história, dos Jogos do Rio-2016, nos orgulha muito, a mim pessoalmente.”