Após brilhar com dois títulos brasileiros (2007 e 2008) e ajudar o São Paulo a se safar do rebaixamento à segunda divisão nacional em 2017, Hernanes tem agora nova missão: levar o clube adiante na Copa Libertadores. Nesta quarta-feira, o time enfrenta o argentino Talleres, em Córdoba, às 21h30 (de Brasília), pelo confronto de ida da segunda fase preliminar.
No clube, ninguém esconde que o planejamento da pré-temporada foi todo feito em função desses duelos diante dos argentinos, o que passa diretamente pelo Profeta, como o meio-campista é chamado pela torcida devido às suas “previsões”. A partida de volta está marcada para o dia 13, no Morumbi.
O camisa 15 acabou poupado da maior parte dos cinco jogos já disputados pelo clube no Campeonato Paulista justamente para se preservar e ganhar condicionamento físico – a comissão técnica detectou um desequilíbrio muscular no jogador após os compromissos pela Florida Cup, nos Estados Unidos, em janeiro, quando Hernanes foi titular contra Eintracht Frankfurt e Ajax.
Aos poucos, ele voltou a jogar. Entrou em campo contra o Guarani e foi responsável direto pela vitória sobre o São Bento, no último domingo, quando marcou o único gol do duelo.
“O gol premia todo o trabalho e dedicação que ele vem tendo para voltar. Conseguimos as duas maiores metas, que era vencer o jogo e dar minutos para o Hernanes”, explicou o técnico André Jardine. “Possivelmente, ele deva começar o jogo (contra o Talleres). Vamos ver como ele vai estar amanhã (segunda-feira), se ele vai estar se sentindo bem. Aí a gente encerra essa etapa de cuidados especiais e passa a tratar ele normalmente”, emendou.
Mesmo assim, a “normalidade” do calendário do futebol brasileiro, no qual as equipes chegam a disputar 80 confrontos por ano, passa longe da realidade recente do Profeta. Em pouco mais de três anos, somadas as passagens por Juventus, Hebei Fortune, da China, e São Paulo, ele entrou em campo 74 vezes. Para efeito de comparação, apenas em 2018 o clube paulista disputou 64 jogos. Daí a preocupação da comissão técnica com o jogador de 33 anos.
HISTÓRICO – Hernanes talvez seja, junto a Rogério Ceni e Lugano, um dos poucos ídolos são-paulinos das últimas décadas. Com boa parte de sua formação feita na próprio Morumbi, o pernambucano nascido no Recife estreou no profissional em junho de 2005 e, após passar 2006 emprestado ao Santo André, voltou no ano seguinte para liderar a equipe nas conquistas de dois títulos brasileiros: 2007 e 2008. Ficou até 2010, quando acabou vendido para a Lazio.
Retornou à antiga casa no segundo semestre de 2017, emprestado por seis meses pelos chineses, em situação emergencial. O São Paulo corria sério risco de cair pela primeira vez para a Série B. O atleta marcou nove gols em 19 partidas e foi fundamental para a permanência na elite. Voltou à China, mas manteve contato com o clube. Alexandre Pássaro, gerente de futebol, monitorou a situação dele no futebol asiático durante toda a última temporada, na qual Hernanes jogou só 14 vezes.
A segunda repatriação ao Morumbi trouxe alguém “inconformado” com o jejum de títulos, conforme o próprio afirmou em sua apresentação, em janeiro: “O São Paulo é muito grande para ficar tanto tempo sem títulos. O que eu trago é a inconformidade com essa espera absurda de tempo por títulos”, disse.
Desde 2012, quando conquistou a Copa Sul-Americana, o São Paulo não ganhou mais nada. Pior: nem sequer tem chegado a finais. Para alcançar a da Libertadores de 2019, precisará percorrer o caminho mais longo de sua intensa relação de 19 participações no torneio
“Acho que fizemos o máximo para chegar numa condição razoável. Agora é entregar tudo, é dar a vida. Libertadores é diferente, é raça, é coração”, declarou Hernanes, preparado para mais uma missão na linha de frente da equipe.