Aloísio tem duas personalidades. A primeira é valente, brigadora e fez a torcida se esquecer de Luis Fabiano (em fase final de recuperação de uma contusão). A segunda face do atacante é tímida, reservada, jamais pularia sobre os companheiros para comemorar um gol e só fala quando lhe perguntam alguma coisa. Os dois Aloísios representam a principal opção de ataque do São Paulo contra o Internacional, neste domingo, às 16 horas, no estádio Centenário, em Caxias do Sul (RS), pela 31.ª rodada do Campeonato Brasileiro.

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Aloísio precisou pegar o touro à unha para chegar até aqui. Começou a jogar em sua terra natal, Araranguá, no sul de Santa Catarina, e percorria uns dez quilômetros de bicicleta até a escolinha. Saiu de casa aos 12 anos, perdeu o pai aos 15 e foi jogar na Suíça aos 19.

Cada passagem deixou sua marca. No final da carreira, espera voltar para sua terra natal para compensar a distância da família. E também para lamber os beiços com a polenta com galinha de sua mãe. Gostaria que o pai estivesse presente para vê-lo jogar no Morumbi. “Penso sempre nele. Sinto bastante a falta e gostaria que ele conhecesse um pouco das coisas boas que estou vivendo no São Paulo”.

Da Suíça, onde atuou pelo Chiasso entre 2007 e 2008, trouxe o italiano fluente e a vontade ficar por aqui mesmo. Araranguá também está viva. Ele foi escolhido pela prefeitura como cidadão ilustre em uma publicação do principal jornal de Santa Catarina. “Ele é motivo de orgulho para a cidade. Por onde vai leva o nome da nossa terra natal. Seu sucesso é o nosso sucesso”, elogiou Luciano Pires, secretário de Esportes do Araranguá.

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Na volta ao Brasil, disputou duas edições da Série C com o Caxias, teve passagem tão rápida quanto vitoriosa pela Chapecoense. Com quatro meses de clube, conquistou o Campeonato Catarinense, sendo o artilheiro na competição, com 14 gols. A boa campanha chamou a atenção do Figueirense, que foi atrás de investidores para contratá-lo.

A história de vida, cheia de altos e baixos, não aparece quando ele comemora os gols de seu jeito característico, com uma voadora sobre os companheiros. “É uma felicidade quando ele marca. Ele fica pulando lá e a gente chora aqui”, contou, orgulhosa, a mãe, Maria Madalena Mateus dos Santos. “A gente começa a ficar com medo de fazer gols. Ele é louco”, brincou o técnico Muricy Ramalho.

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O treinador pensa exatamente o contrário. Quando mais voadoras, melhor. Aloísio simboliza a recuperação do São Paulo na tabela de classificação – depois de 13 rodadas na zona de rebaixamento, está em 10.º com sete pontos de vantagem para a degola – e também o ressurgimento do ataque. Nos últimos três jogos, o catarinense anotou três vezes, Ademilson e Welliton fizeram mais dois cada um. Tudo isso sem Luis Fabiano, contundido. “Nosso ataque melhorou e isso traz confiança para todo time. Se a gente toma um gol, temos chance de reagir”, elogiou Muricy Ramalho.

Os dois Aloísios estarão em campo neste domingo para manter a escrita. Essa divisão, no entanto, começa a incomodar. Aloísio gosta do apelido Boi Bandido, uma homenagem ao seu estilo valente dentro de campo.