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Com ajuda de amigo e rival grego, brasileiro fatura prata em Mundial Paralímpico

“Eu tenho uma fé muito grande. Só pedi a Deus mais uma oportunidade. Só queria mais um lançamento e quando sentei na cadeira emprestada, as coisas deram certo. É um momento muito especial na minha vida”. Foi assim, com a voz embargada e carregada de emoção, que o brasileiro Jonas Licurgo celebrou a segunda medalha brasileira no Mundial de Atletismo Paralímpico de Londres-2017, em uma história de amizade esportiva.

Jonas treinou por mais de sete meses o lançamento de dardo, classe F55, ficou mais 11 horas dentro de um avião entre os aeroportos de Cumbica e Heathrow e, na hora da competição, um defeito na cadeira de rodas quase tirou a chance de o brasileiro lutar por uma medalha na manhã deste sábado – a solidariedade de outro competidor, o grego Charalampos Varytimidis, que cedeu seu equipamento ao brasileiro, garantiu ao Brasil a segunda medalha da competição, de prata.

“Minha cadeira estava com uma barra solta, o que prejudicou os meus arremessos da primeira rodada. Eu só precisava de uma chance, então pedi ao grego que ele me emprestasse a cadeira dele, uma vez que ele já estava eliminado. Ele conversou com os técnicos dele, com árbitros e eles autorizaram o empréstimo. Deu no que deu e agora estou aqui com a medalha de prata. Divido essa conquista com ele. Se puder, subo no pódio com esse colega, que mostrou ao mundo que ser adversário não é ser inimigo”, afirmou Jonas após a conquista da medalha – ele lançou o dardo a 29,05 metros.

Jonas é do Rio de Janeiro, e era policial militar quando sofreu um tiro acidental durante uma perseguição a um assaltante – a arma de seu colega disparou contra o seu corpo. Agora, aos 47 anos, ele se divide entre o atletismo paralímpico e o trabalho de fiscal em blitze da Lei Seca em sua cidade.

“Por tudo o que vivi aqui hoje, essa prata tem sabor de ouro. É a medalha mais importante da minha vida. Nunca foi tão sofrido, pior do que qualquer competição. Decido esse ouro à minha família, em especial à minha neta Maitê, filha da minha filha Layla. Dedico também a todos os policiais do Rio, essa galera sofrida que nunca me deixou de lado depois do acidente”, disse, emocionado.

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